terça-feira, 5 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Mais Um Filme Gay


Filmes do universo gay, em especial o masculino, tendem a usar excesso de erotismo e clichês. Anfetamina (Amphetamine, China, 2010) é mais um. Com cenas bregas e nudez, deixa a desejar, apesar de ter alguns méritos.


O filme conta a história de Kafka, um professor de educação física que sustenta a mãe doente. Eventualmente ele conhece Daniel, se apaixona, e rompe com a ex-namorada. Ambos se convencem de que o amor é capaz de superar tudo, inclusive suas dúvidas sexuais e o vício em Anfetamina.


Anfetamina peca no enredo. Mesmo baseado em uma história real, é conduzido de forma falha pelo excesso de gritos e melodrama. Uma cena que beira ao ridículo é a de Kafka correndo para o chuveiro, em planos de nu frontal, com a água escorrendo pelo corpo gritando “EU NÃO SOU GAY!”. A não aceitação da condição sexual poderia ter sido melhor explorada. 


As cenas de sexo as vezes são agressivas, não por ser gay. A parte final conta com uma cena nas nuvens, sem pretensão de ser cômica, mas para a infelicidade do diretor, é engraçada. A tentativa de mostrar a degradação psicológica de Kafka é falha, aguçando o deboche do espectador. Talvez a culpa seja do ator, que parece vir de dramas mexicanos. Além de tudo, a relação de Kafka com drogas não é tão evidenciada, deixando o título do filme injustificável.


Apesar dos pesares, o filme tem méritos. O ritmo é bom, a fotografia é ótima, e a trilha sonora se destaca com músicas eletrônicas empolgantes. Uma das cenas finais parece obra de arte, muito bem realizada.


Em suma: é mais um filme gay. Nem o pior, nem o melhor. Previsível, mas não chega a ser chato. Caso não tenha nada pra fazer, assista esta produção e seus 97 minutos serão ocupados com alguma diversão, só que vazia.

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