Não havia um herói nas telonas que pudesse representar a américa latina e defender nosso povo contra a imposição imperialista desde Zorro. Em Machete (2010), o charmoso e sedutor alter-ego de Don Diego de La Vega finalmente teve um sucessor. Quem ocupa seu lugar é um personagem bem diferente. Sem escrúpulos, frio e completamente vadio, o novo defensor dos latinos apresenta-se em um filme cheio de sangue e muito humor, que curiosamente nasceu a partir de um trailer falso.
Após perder a esposa e quase morrer em um confronto com o poderoso narcotraficante mexicano Torrez (Steven Seagal), Machete (Danny Trejo) foge para o Texas. Lá ele inicia uma vida de anonimato e deixa para trás seu passado trágico. Mesmo tentando evitar problemas, o ex-policial cai em uma armadilha e acaba envolvendo-se em um lance de corrupções. Ao tentar limpar seu nome e proteger seus conterrâneos, o mexicano ressurge como uma lenda e a maior esperança do grupo de imigrantes ilegais nos EUA.
Entre os nomes do filme estão também Lindsay Lohan, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Don Johnson e Robert DeNiro. A união de atores renomados é só mais um dos vários atrativos do longa. Revestida de um humor negro e bizarro, a produção tem lugar garantido na onda de ação trash, muito bem recebida pelo público. Sempre irônica, a história vai contra a corrente. Mesmo com diversas piadas aos latinos, toma partido dos vários imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e faz dos próprios políticos norte-americanos os vilões da trama.
A feminilidade do filme está garantida no mais puro estilo do diretor Robert Rodriguez, ou seja, pouca roupa, muita sensualidade e mortes prematuras (sempre sexys). A falta de pudor e moralismo torna o protagonista ainda mais atraente. Não que Danny Trejo consiga ficar bonito, mas com certeza o público irá se divertir com seu jeito rústico e improvável natureza humana. O personagem também causará muita inveja aos homens por sua incrível sorte com mulheres.
Com um elenco invejável, um roteiro muito envolvente e uma direção tipicamente tarantiniana, Rodriguez nos presenteia com uma obra-prima. Muito sangue, polêmicas, absurdos, ação, ironias, críticas e surpresas fazem com que a história não perca a graça por um instante sequer. Machete é o típico filme que prende e satisfaz. Talvez não seja o mais recomendado para algumas gerações, mas certamente é a melhor forma de entretenimento para a maioria.
