segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vazio Preenchido


RENATA SOUZA



Um homem sozinho dando voltas e mais voltas pilotando sua potente e veloz Ferrari numa estrada deserta no meio do nada. Pura distração. Assim começa Um Lugar Qualquer ("Somewhere", EUA, 2010), o quarto longa da filha de (grande) peixe, Sofia Coppola. Vencedor do Leão de Ouro em Veneza nesse ano (prêmio muito contestado pelos jornalistas, inclusive), o filme conta a história de um bem-sucedido ator de Hollywood e sua vida de excessos...




...até que aparece sua filha. Hospedado temporariamente no badaladíssimo hotel Chateau Marmont, Johnny Marco (Stephen Dorff), que passa os dias bebendo, fumando e em festas particulares com strippers, sempre esteve distante da criação de sua única filha. A menina de então 11 anos, Cleo (interpretada pela irmã mais nova de Dakota Fanning, Elle Fanning), começa a visitá-lo com certa freqüência, abalando a vida sem rumo do pai.
Esse inesperado convívio com a filha faz com que Johnny dê atenção e cuidados a ela, coisa que há tempos ele não fazia. À medida que essa aproximação com o simples e inocente mundo de Cleo se intensifica, Johnny começa a rever a vida cheia de facilidades que leva e o grande vazio que ela deixa.
Com uma trilha sonora muito bem escolhida, Um Lugar Qualquer é um filme ao estilo de Coppola filha, sempre do ponto de vista pessoal, como ela mesma diz. Profundo e repleto de olhares perdidos, o filme é conduzido de forma um pouco lenta (com algumas cenas que se estendem durante considerável tempo), o que confere uma certa veracidade aos longos e vazios momentos de solidão da personagem.

Stephen Dorff está bem no filme, mas quem rouba a cena mesmo é a menina de apenas 11 anos, irmã mais nova de Dakota Fanning, Elle Fanning, de igual talento (e aparência!). O filme também conta com a sempre boa presença de Benicio Del Toro, interpretando ele mesmo.



“Queria falar de Los Angeles, fazer um retrato dessa cidade”, comentou Sofia ao receber seu Leão de Outro, a quarta mulher a ser consagrada em Veneza. Sem dúvida, Sofia atingiu sua meta com muitos méritos, diga-se de passagem. Trata-se de um ótimo filme, mas não é o melhor longa de Sofia, embora, devo admitir, só tenha assistido a um filme dela… Vale a pena conferir!

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