quinta-feira, 7 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Riscando Os Dias


Da solidão de uma mulher podemos garimpar sua intimidade mais profunda e talvez entendê-la por completo. Essa é a ideia transmitida em Ano Bissexto (Año Bisiesto, 2010), o primeiro longa de Michael Rowe, que com apenas uma locação consegue entrar fundo na mente humana.

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O espaço usado no filme é o apartamento de Laura, uma jornalista solteira de 25 anos. Convivendo com seus momentos de maior solidão, partilhamos de seus impulsos e segredos em uma interessante viagem pela mente humana. Fora dos padrões, a jovem se esforça para conseguir algum parceiro que a salve de seu anonimato (ou pelo menos alguma transa de verdade por noite). Nesta busca incessante, conhece Arturo, um estranho sadomasoquista por quem se apaixona. Entre noites de flagelo e sexo, Laura se preocupa em ser pontual com os dias em um calendário, mantendo um segredo relacionado ao 29 de fevereiro.

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O filme é bastante reflexivo. Explora o tempo, segue um ritmo lento que aguça os sentimentos propostos. O diretor abusa de enquadramentos simples mas que conseguem bastante efeito e os atores cumprem bem seu papel. Talvez falte na trama um ponto maior de mudança, uma reviravolta. Partindo dessa necessidade, a história acaba tornando-se enfadonha em alguns momentos e perde bastante à medida em que não consegue surpreender.

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A produção se desenvolve como uma crônica, ao melhor estilo Nelson Rodrigues. Com muita sexualidade, sentimentos fortes e conflitos da natureza mais obscura do homem, o longa não é a melhor opção para aqueles que procuram um roteiro muito elaborado. A ideia sofre também com as constantes cenas de sexo, projetadas de forma rude, que passam pela linha tênue da apelação. Não é para qualquer um nem para qualquer hora. Por muito pouco o filme não dá um pulo em qualidade, mas ainda que tenha inúmeros acertos, deixa de lado pontos essenciais.

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