terça-feira, 12 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: A Missão de Robert

Texto escrito por RENATA SOUZA e publicado dentro da sessão “Colunista Convidado”.


O cinema atual, especialmente o americano, carece de criatividade, talvez, por isso, tantas refilmagens de clássicos e tantos filmes baseados em livros ou em histórias em quadrinhos. No entanto, o cinema francês, mais uma vez, se sai muito bem com o divertidíssimo (e sem noção) Rubber, de Quentin Dupieux, que também o escreveu. E não poderia ser diferente.


A sinopse (não parece que você está lendo uma de verdade) começa da seguinte maneira: “Em algum lugar do deserto californiano, um pneu telepático acorda subitamente para uma missão demoníaca, isto é, assassinar todos os seres que vir pela frente.”. Sim, essa é a sinopse, ou pelo menos uma parte dela. A incrível história vai se desenrolando e você se pega já aceitando numa boa a primeira questão: o pneu ACORDA (desde quando eles dormem?) e ainda é telepático e um serial killer! Contudo, essa enigmática circunferência pneumática simplesmente te conquista, como se fosse um “Wilson” da vida (o “amigo”/bola para todas as horas do desolado náufrago Chuck Noland, personagem do talentoso Tom Hanks no filme de mesmo título).


O enredo revela-se cada vez mais imprevisível (se é que isso pode ser possível): os assassinatos começam a ser investigados e o pneu torna-se o principal suspeito. Logo, inicia-se uma busca implacável pela roda assassina. Para completar, a história é permeada pela velha ideia do filme-dentro-do-filme, mas Dupieux não deixa a peteca cair e, apesar da aparente confusão, tudo se encaixa no fim das contas.


O fato é que o filme é engraçadíssimo, bem feito e, incrivelmente, o telespectador não se cansa durante os 84 minutos das peripécias do infame pneu, incluindo o fato de que ele se apaixona por uma bela jovem. Haja criatividade.


Eu realmente não sei o que estava passando pela cabeça do diretor francês, e também produtor musical, Quentin Dupieux. Mas uma coisa é verdade: o filme é loucamente original, sem dúvidas. E não custa nada conferir a atuação de Robert. Robert, gente, o pneu. Ele aparece nos créditos e tem nome, acreditem se quiser. Afinal de contas, por trás da borracha também bate um coração.

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