quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma Peça do Destino

Imagine se, enquanto você estivesse repetindo de cor as falas de "Casablanca", sentado numa poltrona de seu trabalho na locadora mais próxima, de repente, levasse um tiro na cabeça! Esta é a história de Bazil (Dany Boon) no mais novo filme de Jean-Pierre Jeunet, Micmacs – Um Plano Complicado (“Micmacs à tire-larigot”, França, 2009).



Após o tiro, Bazil é considerado morto, perde seu emprego, é despejado de seu apartamento e vive todos os dias com o perigo iminente da bala atingir seu cérebro. Vagando desamparado por Paris, ele encontra os Tire-Larigot, um bando de freaks que moram no ferro velho e o recebem como mais novo membro da família. É então que Bazil, um dia, se vê de frente da empresa que produziu a arma que tentou matá-lo, e por incrível coincidência, esta é vizinha de outra companhia bélica, responsável pela morte de seu pai. Revoltado com o sucesso das empresas e da falta de preocupação com as conseqüências de seus atos, Bazil e seu bando elaboram um plano mirabolante para destruir as duas.


Não tenho o que reclamar de Micmacs. Sua trama bem elaborada prende o espectador, sobretudo através de seus personagens excêntricos e mímicas eternamente divertidas. A fotografia também é belíssima e enfatiza detalhes nunca mencionados do cotidiano. Ainda assim, é a direção de arte que rouba a cena, compondo todo o universo minimalista e funcional de bugigangas e máquinas dos Tire-Larigot. A trilha sonora de Raphaël Beau se aproveita disso ainda para colocar ruídos mecânicos na música, tendo como resultado algo original e maravilhoso.


Este longa simboliza o regresso de Jeunet aos cinemas após um sumiço desde “Amor Eterno” e “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”. Com um sentimento revolucionário e apelando aos instintos mais naturais ao homem, este filme vale a pena.

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