segunda-feira, 11 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Parasitas do Sistema


O novo filme do diretor argentino Pablo Trapero já nasceu como uma promessa de qualidade. Com Ricardo Darín (de "O Segredo dos Seus Olhos"), o Wagner Moura do cinema argentino, no papel principal e a bela Martina Gusman como seu par romântico, Abutres ("Carancho", Argentina, 2010) mereceu ser escolhido pelos hermanos para disputar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, depois de estar na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes.


O filme começa com uma cartela que exibe alguns dados sobre os acidentes de trânsito na Argentina e se desenvolve como uma espécie de denúncia a uma dura realidade conhecida por poucos, a qual acabamos constatando que não pode ser muito diferente da nossa. Sosa (Darín) é um advogado que perdeu sua licença e, para se sustentar, trabalha em um escritório que explora vítimas de acidentes de trânsito. O trabalho dele é abordar a vítima, ou a família, ainda no local do acidente e acompanhar todo o processo de recuperação, ou o funeral, para que tudo seja usado em um pedido de indenização.


Os valores indenizados costumam ser altíssimos, mas o escritório sempre acaba ficando com boa parte dele, numa máfia que envolve desde motoristas de ambulância até delegados de polícia. Em um dos trabalhos, Sosa conhece a paramédica Luján (Gusman) e, apaixonado por ela, decide mudar de vida. O problema é que os chefões da tal máfia têm outros planos, e não pretendem deixá-lo abandonar o barco tão facilmente.


A trama envolvente é embrulhada em um pacote completo: estrutura narrativa bem construída, diálogos bem articulados, direção e atuações impecáveis, fotografia bem cuidada e, amarrando tudo, excelente edição. Pois é, mais uma vez eles merecem o Oscar muito mais do que nós. E torço para que levem!

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