sexta-feira, 15 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Juventude Eterna


“Há apenas duas coisas na vida que se vale a pena ter, Dorian, juventude e beleza.”

Quem nunca quis ser jovem para sempre? Ou possuir beleza eterna? Aquele que permanecesse imutável através das décadas, poderia usufruir de todos os prazeres da vida indefinidamente, não é? Deste tópico tão universal, surge, então, em 1891 o romance “O Retrato de Dorian Gray” do poeta e dramaturgo Oscar Wilde. Mais de 100 anos já se passaram desde sua publicação, mas a história continua a atrair curiosos espectadores. Tanto que estreia este ano a vigésima adaptação do personagem nos cinemas: O Retrato de Dorian Gray (“Dorian Gray”, Reino Unido, 2009), de Oliver Parker.


O filme narra a história do jovem Dorian (Ben Barnes), recém-chegado a metrópole, após receber a herança de seu avô. Introduzido a sociedade aristocrática londrina, ele conhece o libertino Lord Henry Wotton (Colin Firth), determinado a ensiná-lo sobre os prazeres desfrutados na vida, e o pintor Basil Hallward (Ben Chaplin), que quer capturar a beleza inocente do rapaz num retrato. O inexplicável, então, acontece: Dorian permanece imutável, enquanto a pintura sofre as marcas do envelhecimento e do fim de sua ingenuidade. Mas será isso, que todos desejamos, mesmo uma benção ou, na verdade, uma maldição?


Para a ambientação de Londres do fim do século 19, o longa-metragem conta com uma direção de arte impecável, capaz de encontrar na cidade moderna resquícios da antiga, não tendo sido necessário a montagem de quase nenhum cenário. Acompanhada do belo figurino e da incrível fotografia de Roger Pratt (diretor de fotografia de “Tróia” e “Chocolat”), o filme é esteticamente lindo, denotando toda a grandiosidade e obscuridade da metrópole.


O clima de mistério se deve ainda à trilha sonora do desconhecido compositor Charlie Mole. Esta captura aspectos do clássico da aristocracia combinado com a boemia de Dorian e o suspense de sua estranha pintura.


Através de poucas alterações do romance original – que podem incomodar os ávidos fãs da obra – este filme traz o clássico da literatura de novo para os cinemas, provando que, mesmo Dorian Gray não tendo sido imortal, sua história definitivamente é.




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