sexta-feira, 1 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Ecos do Facismo


Áquila é uma cidade com aproximadamente 70 mil habitantes, localizada no centro da Itália. Em 2009 sofreu um terremoto devastador que destruiu casas, hospitais e comprometeu toda a infra-estrutura do lugar. Silvio Berlusconi, primeiro ministro Italiano, percebeu a oportunidade de aumentar sua popularidade, que andava em baixa por causa de sucessivos escândalos sexuais e de corrupção, e, assim, não mediu esforços.



Dráquila – A Itália que Treme (“Draquila: l'Italia Che Trema”, 2009) de Sabina Guzzanti narra as tentativas, erros e acertos do primeiro ministro nesta “missão”. Através da Agência de Proteção Civil, instituição responsável pela reconstrução da cidade e resgate dos cidadãos, Berlusconi é acusado de administrar o país como mais uma de suas empresas privadas, onde os fins sempre justificam os meios.



Após o terremoto foi construído um acampamento temporário para os 70 mil desabrigados. Lá os seus direitos civis foram praticamente esquecidos. Eram, muitas vezes, proibidos de sair do acampamento, sofriam retaliações e pressões do exército que cercava o local, e , por incrível que pareça, foram proibidos de: manifestar, consumir bebidas alcoólicas, café e coca-cola. Essa história começa a não ser muito diferente dos livros de história que estudam o século XX, a Itália e Mussolini. Escutam-se os ecos do fascismo.


Berlusconi também é acusado de manipular a mídia para controlar a opinião pública. Infelizmente a acusação procede. Enfim ele é dono de 3 dos principais canais privados do país. É acusado ainda de superfaturar as obras de construção de um conjunto habitacional, onde os antigos desabrigados não são donos de nada, e sentem-se presos dentro de seus próprios apartamentos.


O documentário é muito bom. Tem ritmo, boas imagens e um vídeografismo incrível. O humor tem um tom parecido com o do renomado documentarista americano Michael Moore, só que bem mais refinado. Nas entrevistas há críticas e elogios ao primeiro ministro, o que confere credibilidade ao filme. Dentre os vários filmes do Festival do Rio, vale a pena reservar um tempo para esse. Sabina Guzzanti não é a “Michael Moore italiana”, talvez Michael Moore seja a “Sabina Guzzanti americana”.

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