segunda-feira, 4 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: John Lennon Por Ele Mesmo


John Lennon em certa entrevista afirmou que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Esse seu lado polêmico e convencido é pouco conhecido pelo público, que se lembra mais da sua fase paz e amor. Em O Garoto de Liverpool ("Nowhere Boy", Reino Unido/Canadá, 2009) , é exatamente esse lado que vem a tona, o filme traz a personalidade contraditória e conflituosa dessa lenda do Rock.


A adolescência do astro é o assunto em pauta: seus anos antes da fama e dos Beatles. O filme explora suas relações com a tia Mimi, muito autoritária e conservadora, e com sua mãe Julia, sempre efusiva e bastante insegura. A música é quem faz o par romântico com o protagonista (o amor do personagem pelo Rock conduz o clima do filme com perfeição). Seus amigos de escola e banda também estão presentes, mas têm uma participação coadjuvante, fortacelendo o foco dado a John.



À primeira vista, o espectador pode estranhar a forma como o diretor explorou a relação de mãe e filho entre Julia e John. Em um primeiro momento, parecem um casal de namorados apaixonado: Vemos uma mulher insinuante e delicada passeando com o jovem Lennon. Depois esse mito começa a ser desvendado. Fica evidente a intenção do filme de retratar a juventude de John pelo seu próprio ponto de vista: Tia Mimi é autoritaria e intransigente porque Lennon a via dessa forma, sua mãe é demasiadamente alegre porque assim ele a vê. O filme chega até a sugerir um clima de flerte entre Julia e Paul MacCartney, o que é bem improvável. Isso denuncia o ciúme de John por sua mãe. O filme mostra como o jovem astro absorvia o mundo em sua adolescência.


A obra consegue retratar John Lennon como pessoa mais do que como músico. O início de sua carreira musical é documentado como não poderia deixar de ser, mas não chega a roubar a cena. O enfoque é na personalidade do musico, suas questões, seus dramas e suas paixões.


Não é um filme biográfico como outro qualquer. A idéia de documentar John Lennon de sua própria perspectiva é original. Consegue humanizar uma das maiores figuras públicas do século XX. Aproxima o ídolo, dessacraliza a lenda. “O garoto de Liverpool” é indispensável não somente para os fãs de Beatles como também para os amantes de Rock.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...