quinta-feira, 7 de outubro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Doidos Somos Nós!


Existem filmes que são capazes de mostrar a vida de uma maneira especial. Conseguem nos transformar profundamente. O documentário “Aqui, doido varrido não vai pra debaixo do tapete” é um exemplo disso. Ele relativiza com perfeição felicidade e insanidade. Documenta a loucura e ao mesmo tempo a sobriedade. Um filme inesquecível.



O documentário consiste em retratar a vida num manicômio. Entrevista os loucos e acompanha suas atividades diárias. A linguagem também é diferente: tem um ar de improviso que garante uma fluidez natural pro filme. Os próprios loucos que guiam os rumos do filme. Eles também filmam, apresentam uns aos outros e descrevem o lugar.


Pode parecer estranho um filme conduzido por loucos de verdade, mas é essa idéia que o filme se propõe a quebrar. Fica claro como eles tem a plena capacidade de se expressar. Contam como foram parar no manicômio e, por mais incrível que pareça, contam até como é ser louco. Tudo isso de uma forma leve e divertida.


O que mais chama atenção é a felicidade dos entrevistados. Todos demonstram um amor incomum pela vida. O clima entre eles é de uma beleza única. Divertem-se intensamente: Jogam futebol, cantam, cozinham e conversam. Fazem tudo com alto astral, a melancolia parece não ter espaço.


O que resta do filme é uma reflexão sobre nós mesmos. O documentário passa certa inveja dessa vida inocente, voltada para o prazer de viver. Revisamos a nossa vida de outro ponto de vista. Questionamos o valor que damos a ela, pensamos sobre a felicidade. “Aqui, doido varrido não vai pra debaixo do tapete” não nos devolve pro mundo da mesma maneira que entramos na sala do cinema. Um filme para a vida inteira.

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