quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amor Cego

O cinema de Arnaldo Jabor sempre foi um cinema apaixonado. Suas histórias sempre conciliaram admiração pela sétima arte com mãos habilidosas e críticas que, de certo modo, acabavam por aflorar filmes fortes demais e até mesmo complexos para a época. O autor de "Eu Sei Que Vou Te Amar", filme que rendeu a Fernanda Torres o prêmio de melhor atriz em Cannes, chega agora com sua mais recente obra A Suprema Felicidade.


Depois de duas décadas sem filmar, Jabor retorna às telonas com uma proposta contemplativa e excessivamente dramática. Desta vez, o diretor traz recortes de uma família pós Segunda Guerra que interage com um ambiente carregado de uma poesia ultrapassada que cansa mais do que encanta. No texto, os diálogos parecem forçar os personagem a caminhar em círculos pelo saudosismo das décadas de 50 e 60.


Apesar do inchaço do elenco, é inegável que Marco Nanini, que interpreta o personagem do avô, é a convergência dos sentimentos nostálgicos que permeiam a narrativa. Mais por mérito do ator do que do filme em si, consegue-se adquirir uma leve simpatia pela produção que infelizmente peca com a pobreza técnica e satura com a linguagem subjetiva deslocada.


O respeito pela trajetória do cineasta nos faz enxergar que a ideia acabou perdendo o ponto por contar com 20 anos de paixão reprimidas e unidas com a vontade de voltar ao circuito. O olhar do público para as obras cinematográficas sofreu muitas mudanças que não foram levadas em conta em "A Suprema Felicidade". Apesar de reafirmar seu estilo e fazer com que os espectadores o reconheçam em cada cena do longa, Jabor parece ter parado, literalmente, no tempo.

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