
Uma senhora e um garoto percorrendo os cantos mais miseráveis do país em busca do pai do moleque. Parece familiar? Não, não estamos falando de Central do Brasil, mas de uma história parecida, que se passa a cerca de 11.170km do nosso país e que pode ser ainda mais impactante. Filho da Babilônia (Son of Babylon, 2009), do diretor Iraquiano Mohamed Al-Daradij, não deixa de ser um filme comum, mas, ainda assim, da certo.
A história acontece em 2003, algumas semanas após a queda do regime de Saddam Hussein. Ahmed (Yassir Talib), um jovem curdo de 12 anos, tenta viajar com sua avó doente pelas empoeiradas estradas do norte do Iraque. O destino é a Babilônia, região sul, onde seu pai estaria sendo mantido preso pelo que restava da Guarda Republicana. Em sua jornada, conhecem pessoas com os mais diversos tipos de dramas recorrentes da guerra. A viagem traz experiências únicas e extremamente fortes para os personagens. Na incansável busca pelo pai, Ahmed aos poucos vai criando uma ligação maior com sua avó. Irônicamente, a aproximação entre os dois acontece na falta do elo entre as suas gerações. A película é um retrato fantástico da realidade do país, ou pelo menos de grande parte de seu povo.
Podendo ser só mais um road movie nos desertos do médio oriente, que relata problemas de um país pós-guerra, a produção se sustenta no ator principal. Yassir Talib. É bom guardar este nome. O garoto dá um banho de interpretação durante todos os 100min do filme. Ele é impecável, desde de os conflitos entre a necessidade da infância e maturidade forçada até os momentos de desespero e choque com a realidade do seu povo, vividos pelo personagem. Abusando disso, o diretor força alguns closes no ator mirim, evidenciando suas expressões no estilo lento do longa.
O filme acaba se fixando no relato de uma realidade já bem discutida e deixa de lado outros campos ainda pouco explorados. As cenas fortes conseguem fazer com que a trama, completamente previsível, emocione por alguns momentos. Visivelmente a escolha de uma criança e uma idosa para estrelarem a obra também é uma fórmula projetada para tornar a história mais humana, o que não deixa de dar certo. A fotografia e o plano de fundo, apesar de sempre muito bonitos, não chegam a impressionar os que já tiveram algum contato com boas produções da região. O filme é, sem dúvidas, muito bem feito, ainda que não tenha nada de novo.
