sábado, 25 de setembro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Vida Provinciana



O Festival do Rio sempre tem uma vasta seleção de produções orientais, especialmente chinesas (o país inclusive já foi o homenageado da mostra). Na edição de 2010 não é diferente e, entre eles, está o simplório Ela, A Chinesa, uma coprodução com mais participação de "capital capitalista" do que da China "comunista". Talvez por isso seja tão perceptível a crítica aos sacrifícios a que a população chinesa é exposta pela manutenção do sistema.


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Nossa protagonista é a jovem sonhadora Li Mei. Em sua pequena província, se envolve com o bad boy local, é violentada por um caminhoneiro e, então, parte para uma cidade maior em busca de emprego em uma dessas famosas confecções que exploram mão-de-obra barata. Demitida na primeira semana, acaba indo parar em um salão de beleza chamado "Love", que faz mais do que cortar cabelos. Lá, se apaixona por Spikey, um misterioso assassino de aluguel que, inevitavelmente é assassinado.


Sipkey estava juntando dinheiro para largar aquela vida e partir para a Europa e, como Mei fica com tudo, é ela quem parte para Londres onde, mais uma vez, se envolve em uma relação que não funcionaria, dessa vez com um homem mais velho. Conhece o imigrante indiano Rashid, mussulmano, e eles passam a morar juntos. Em dado momento do filme, ele profere uma frase que resume boa parte dos sentimentos que temos em relação à jovem: "Vou embora que este país não é meu lar". Mei, no entanto, resiste, mesmo sendo assombrada por sua criação provinciana.


O filme é bastante leve, mas não é difícil percebermos algumas críticas bastante contundentes. Tem qualidades técnicas louváveis e sua estrutura narrativa, muito bem amarrada, utiliza um recurso curioso, inerindo cartelas coloridas com frases proféticas, em inglês e chinês, dividindo a trama em "capítulos". Com esse ar clássico e ambientação extremamente contemporânea, Ela, A Chinesa merece um pouco de atenção principalmente por não causar aquele incômodo que muita gente sente ao assistir filmes orientais. Pode agradar a todo tipo de espectador (menos os dos besteróis, acho).

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