
O Festival do Rio sempre tem uma vasta seleção de produções orientais, especialmente chinesas (o país inclusive já foi o homenageado da mostra). Na edição de 2010 não é diferente e, entre eles, está o simplório Ela, A Chinesa, uma coprodução com mais participação de "capital capitalista" do que da China "comunista". Talvez por isso seja tão perceptível a crítica aos sacrifícios a que a população chinesa é exposta pela manutenção do sistema.
Sipkey estava juntando dinheiro para largar aquela vida e partir para a Europa e, como Mei fica com tudo, é ela quem parte para Londres onde, mais uma vez, se envolve em uma relação que não funcionaria, dessa vez com um homem mais velho. Conhece o imigrante indiano Rashid, mussulmano, e eles passam a morar juntos. Em dado momento do filme, ele profere uma frase que resume boa parte dos sentimentos que temos em relação à jovem: "Vou embora que este país não é meu lar". Mei, no entanto, resiste, mesmo sendo assombrada por sua criação provinciana.
O filme é bastante leve, mas não é difícil percebermos algumas críticas bastante contundentes. Tem qualidades técnicas louváveis e sua estrutura narrativa, muito bem amarrada, utiliza um recurso curioso, inerindo cartelas coloridas com frases proféticas, em inglês e chinês, dividindo a trama em "capítulos". Com esse ar clássico e ambientação extremamente contemporânea, Ela, A Chinesa merece um pouco de atenção principalmente por não causar aquele incômodo que muita gente sente ao assistir filmes orientais. Pode agradar a todo tipo de espectador (menos os dos besteróis, acho).
