domingo, 26 de setembro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Sem Tino Nem Talento


O cinema de ação é embrionário no Brasil. Não por falta de tentativa, diga-se de passagem. Com raras exceções (vide, obviamente, "Tropa de Elite"), o que se vê por aqui é muita boa intenção, mas, infelizmente, muitíssimo pouco conteúdo. Federal (Brasil, 2009), do brasiliense Erick de Castro, falha por não possuir aquilo que ainda falta ao cinema brasileiro: capacidade para sobreviver como indústria e, por consequência, habilidade para produzir com inteligência e critério gêneros clássicos do cinema comercial.



O filme conta a história de um grupo de agentes federais da capital que, auxiliados por policiais militares recrutados, investigam uma rede de tráfico de drogas que movimenta o mercado clandestino de Brasília. Os tentáculos do crime organizado atingem o cotidiano da força policial e o enfrentamento, cada vez mais violento, gera uma sucessão de conflitos que vai desmontando, pouco a pouco, a hierarquia e a lealdade dentro do sistema, além de causar desaprovação na sociedade e nas famílias dos agentes.



Há uma certa preocupação estética e técnica com o filme, com ênfase em uma fotografia razoável e uma trilha sonora correta. Mas, no que tange a obra como um todo, não há argumento que salve Federal de uma classificação que não seja a de um profundo e doloroso desastre cinematográfico. O roteiro abre-se em frentes diversas e, sem a capacidade de desenvolver as tramas por completo, acaba por deixá-las de lado. Seus personagens, perdidos na tela, vão sumindo pouco a pouco sem deixar saudade. No mais, destaque para curiosidades: Michael Madsen, o eterno Mr. Blonde de "Cães de Aluguel", faz uma ponta sofrível no filme. Selton Mello, à revelia de seu momento próspero no cinema (o filme foi rodado em 2006), participa pouco da trama, ganhando algum fôlego somente no quarto final.


Não há formula mágica, entretanto. O cinema brasileiro deve encontrar seu caminho que, antes das questões que envolvem a arte, deve partir da expansão do cinema comercial de gênero. Pois, com a massificação do cinema nacional como entretenimento (tal qual se fez como estratégia industrial nos EUA), poderá se desenvolver, com equilíbrio, um cinema que possa usufruir de uma indústria forte para contar histórias que acrescentem algo de fato aos espectadores.


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