
O cinema sempre foi tratado como uma forma de arte mais completa que as outras, argumento que foi reforçado principalmente após o advento do som sincronizado à imagem. No entanto, a linguagem audiovisual sensorial e imersiva ainda estão em plano de desenvolvimento e os orientais tem se mostrado mais “evoluídos” (vide casos de Won Kor Wai e Apitchaapong).

O novo filme de Max Jacoby, cineasta de Luxemburgo, no entanto, dá certo equilíbrio ao "jogo". Pó (Dust, Lux/Austria, 2009) é um belo exemplo de boa aplicação dessa “tendência”, muito à frente de obras contemporâneas e ocidentais mais conhecidas.

O filme conta a história dos jovens gêmeos Elodie e Elias, que vivem sozinhos em sua casa no interior desde que o restante da humanidade desapareceu. Um belo dia,encontram um homem pouco mais velho que eles desacordado em uma estrada, baleado. Acabam cuidando e abrigando Gabriel que, pouco a pouco, se envolve com Elodie, desequilibrando a relação dos irmãos.

Apesar da proposta ser um pouco absurda, e nada original, a trama é completamente envolvente e (quase) perfeitamente verossímil. Aliada à qualidades técnicas impressionantes, como a fotografia e edição, se torna um belo trabalho de direção. É como se assistíssemos através das partículas de poeira que flutuam por um feixe de luz – não é sempre que um filme escorre por nós, como a areia que escorre pelos dedos para voltar à terra, sem ser cansativo.
