
Após 26 anos sem produzir longas, Arnaldo Jabor volta à ativa com A Suprema Felicidade. Ainda que o filme tenha um tom de nostalgia e um clima clássico, o diretor mostra que, mesmo estando tanto tempo afastado, acompanha o ritmo do cinema atual. Sem dúvida, uma boa abertura para o Festival do Rio 2010.
Qual a receita da felicidade? Está no passado, no futuro, no presente ou apenas nas lembranças e nos sonhos? Quais são os passos para fazer com que vida dê certo? Compartilhando destas questões, Jabor escreve e dirige um filme que flui de forma tão prazerosa quanto um poema.
O longa se constrói em um interessante recorte do tempo nas décadas de 40 e 50, na cidade do Rio de Janeiro. Ele gira em torno não apenas de um, mas de alguns protagonistas que se confundem em importância. Talvez o principal seja Paulo, que está em quase todos os momentos do filme (dos 8 aos 19 anos), sempre aprendendo, mudando e se descobrindo. Talvez seja seu avô, passando forte pela decadência da idade, bem humorada, mas inevitável. Talvez sejam seus pais, (desde o primeiro encontro até um casamento em ruinas) sofrendo com o choque de não corresponder aos antigos sonhos. Cada personagem é fundamental já que se complementam para dar lugar ao verdadeiro protagonista: O ser humano.
A história consegue abordar incontáveis aspectos da vida com certa profundidade. A utilização de personagens característicos e acontecimentos típicos do Rio de Janeiro são perfeitos para criar uma identificação com o público. Recheado de ironias saborosas e com uma bela direção de arte, o filme nos traz o Rio em uma época que dá saudades até para quem não a viveu. Mesmo que se passe em uma época já distante, as histórias se refletem pelas gerações e o próprio filme deixa isso claro.
Com um elenco de grandes nomes, a maioria das atuações é maravilhosa e abafam alguns momentos menores, que que contrastam com um contexto bem preparado. Apesar de algumas escolhas questionáveis como o uso do croma e uma estética bem pessoal, não há como deixar de se emocionar com a trama, envolvente e curiosa. Um filme que deve ser visto muitas vezes, para que se discuta, entenda, sinta e admire.
