quinta-feira, 30 de setembro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Dolce Far Niente


Desde de 2006, vê-se pelas prateleiras de qualquer livraria e em listas de bestsellers ao redor do mundo o livro “Comer, Rezar, Amar”, de Elizabeth Gilbert. Baseado na vida da própria autora, o memoir narra como após um doloroso divórcio, a jornalista tirou um ano sabático para retomar seu apetite pela vida. Como destinos, ela escolhe: degustar a Itália, meditar na Índia e se encontrar na Indonésia. Com tamanho sucesso, Hollywood não poderia tê-lo deixado de fora, e agora o livro tornou-se o filme homônimo Comer, Rezar, Amar (“Eat, Pray, Love”, Estados Unidos, 2010), de Ryan Murphy.


Liz Gilbert é interpretada por ninguém menos que a belíssima Julia Roberts acompanhada por Javier Bardem, Viola Davis, Richard Jenkins, Billy Crudup e James Franco. Em suma, um elenco de primeira linha. Com um roteiro repleto de diálogos inteligentes e levemente moralistas, a narrativa leva o espectador a novos insights sobre como melhor aproveitar os pequenos prazeres da vida.


Se no papel a história já era atraente, adicionando os elementos audiovisuais, ela tornou-se incrível. A fotografia de Robert Richardson está fantástica, trazendo enquadramentos e movimentos de câmera ousados, que criam um ritmo ágil para o filme. Os planos detalhes e a edição das sequências gastronômicas italianas quebram com o tradicional e estão de dar água na boca de tão deliciosas. Não satisfeito, ainda há um belo uso do foco, em especial na cena da chuva, e a iluminação reluzente para completar a estética do filme.


Não poderia deixar de mencionar a trilha sonora de Dario Marianelli e Eddie Vedder. Com um violino intenso no início do filme, Marianelli denota o vazio da personagem e usa o silêncio musical conforme pede a cena. Já Vedder mostra toda sua versatilidade compondo até música para o casamento indiano.


E para nossa surpresa, há ainda muita MPB no filme por causa da presença do namorado brasileiro de Liz, Felipe, interpretado por Bardem. Nascido nas ilhas Canárias espanholas, Bardem até que se passa muito bem por um brasileiro, com mínimas falhas de sotaque, perceptíveis somente por nativos. Além disso, diferente de todos os filmes estrangeiros, dessa vez o personagem não depende de sua origem – nem mencionando futebol ou caipirinha – tendo uma personalidade própria (isso se deve talvez ao fato de ter sido baseado numa pessoa real).


Se isto é auto-ajuda ou não, eu não sei, mas o filme passa a ideia de aproveitar minuciosamente cada detalhe da vida. E o longa faz exatamente isso, prestando atenção em todos os mínimos aspectos, para fazer dele um filme impecável.

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