
RENATA SOUZA

No ano em que a internet comemora seus 40 anos de (virtual) existência, a diretora Ondi Timoner nos presenteia com seu mais novo documentário: Nossa vida exposta (We live in public), ganhador do Grande Prêmio do Júri de Melhor Documentário no Festival de Sundance, 2010. Apesar de ser mais conhecida pelo seu trabalho na telinha (criou e dirigiu duas séries de grande sucesso: Sound Affects, do VH1, e Switched!, do ABC), Ondi já dirigiu, produziu, editou e escreveu pelo menos quatro documentários, dentre eles, o curioso Dig!. Com uma edição impecável, Nossa vida exposta tem como foco um gênio até então desconhecido.
Você já ouviu falar de Josh Harris? Pois é. Nos anos 90 era conhecido como O cara das festas mais badaladas de New York City... Não lembrou? Ele fundou o site de TV interativo Pseudo.com, quando ninguém mais imaginou ser possível juntar internet, televisão e rádio. Mas foi com seu projeto Quiet: We live in public que Josh ganhou o mundo, ou pelo menos, arrecadou algumas dívidas.
Tendo ou não ouvido falar de Josh Harris, eis que esse ambicioso projeto deu muito o que falar... Num espaço subterrâneo, Josh reuniu diversos voluntários para viverem durante um mês numa sociedade com suas próprias regras, respeitando somente uma única condição: permitirem que suas rotinas fossem filmadas. No fim das contas, o projeto foi por água abaixo, Josh foi quase preso e perdeu muito, muito dinheiro. Sem desistir da ideia da câmera aliada à privacidade, resolveu ele se pôr, dessa vez, diante da tela, expondo sua vida pessoal 24 horas. E não é que fez sucesso? Durante algum tempo, pelos menos... A relação com sua namorada não era mais a mesma e ambos estavam cansados da vida pública.
Foi então que, depois de alguns anos e mais algumas dívidas, Josh resolveu reunir todas as 5 mil horas gravadas a fim de retratar toda a evolução da web e tudo àquilo que um ser humano se submete para conseguir fama, reconhecimento e mais “amigos” nas redes sociais. Sim, um artista, como Josh mesmo se intitula.
Muito bem dirigido e costurado com uma ótima trilha sonora, o documentário revela o que Josh finalmente concluiu: nossa realidade agora é o mundo virtual, vemos o mundo real sendo numa telinha de celular... E é pela telinha que Josh se despede de sua mãe...
Quanto ao atual paradeiro desse desconhecido artista, parece que está na Etiópia realizando um trabalho social com crianças carentes... E fugindo das cobranças das dívidas, claro!
