O cinema de ação norte-americano passa por um momento de vacas magras, principalmente no que tange a qualidade técnica das produções. Alguns exemplos, para regra de exceção, como o conceitual Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010) e o blockbuster Homem de Ferro 2 (2010), foram capazes de trazer um diferencial para aquele que é um dos principais gêneros do cinema ianque. Atração Perigosa (The Town, EUA, 2010), segundo longa metragem do também ator Ben Affleck, traz um frescor para o gênero, mas não revoluciona nem comove.
O filme faz o básico. Uma história de um grupo de assaltantes a banco, a relação do chefe da gangue com uma das vítimas, o comparsa violento e a polícia no encalço – um típico filme de assalto. Mas, considerando a capacidade de Affleck de conduzir a trama, temos, aqui, um exemplo ideal de que roteiros comuns podem ser filmados com originalidade. Personagens bem destrinchados, carga dramática e um timing perfeito conferem ao filme um status que supera as expectativas.
Affleck já tinha sido bastante bem sucedido em seu primeiro filme, Medo da Verdade (2007), contando, à época, com um trabalho de atuação quase perfeito de Casey Affleck. Dessa vez, a atuação de um dos personagens é, sem dúvida, o grande trunfo do filme. Jeremy Renner, recém indicado ao Oscar por seu papel de soldado viciado em combate em Guerra ao Terror (2009), compõe aquele que é o melhor personagem da história, o comparsa violento e, porque não, o antagonista da trama.
Diz-se em rodas de cinéfilos que Affleck, talentoso como vem se mostrando em seus trabalhos como diretor, deveria, portanto, aposentar a carreira de ator. A piada, com um quê de verdade, prova, antes de tudo, a inesperada aptidão do rapaz para conduzir tramas e contar histórias. Não são todos atores ou atrizes que conseguem, quando querem, fazer essa transição com maestria. Affleck prova ter capacidade e, fazendo um cinema bê-á-bá de qualidade, já mostra, no seu segundo trabalho, mais desenvoltura do que em toda a sua carreira de ator em Hollywood.
