
A Enseada (“The Cove”, 2009) ,ganhador do Oscar de melhor documentário em 2009,do diretor Louie Psihoyos, mostra a saga de um grupo de ambientalistas empenhados em denúnciar a matança de golfinhos, que acontece na praia de Taiji, no Japão. Os golfinhos são atraídos para a enseada por sons produzidos pelos pescadores. Quando os animais ficam cercados, os mais “bonitos” são escolhidos por treinadores e vendidos a diversos aquários ao redor do mundo. A outra parte é assasinada para o consumo da carne.
Devido a grande resistência dos pescadores e a obscura legislação do Japão, a atividade de investigação e resistência do grupo se tornou muito difícil. Essa dificuldade, “clandestinidade”, é o ponto alto do filme. Pois os ativistas são perseguidos, colocam câmeras escondidas na praia, onde registram uma imagem incrível da água do mar toda vermelha por causa do sangue dos golfinhos mortos, e invadem, para protestar, uma conferência da IWC (International Whaling Commission), que regula a política baleeira de vários países, entre eles, o Japão.
Este é outro ponto destacado no filme. O Japão é acusado de “comprar” o voto de outros países participantes nas conferências da IWC. Assim consegue manter sem dificuldades a política de matança de animais, como baleias e golfinhos.
Um dos principais entrevistados do filme é Richard (Ric) O’Barry. Ele foi o primeiro a ser reconhecido como treinador de golfinhos, ao capturar e treinar os golfinhos da série “Flipper”. Após um dos animais morrer nos braços de Ric, ele muda de lado, e passa a criticar a matança desenfreada dos animais. Em um dos momentos do documentário ele fala que demorou cinco anos para constrúir o “imperio”, e está a mais de vinte anos tentando destruí-lo. O filme não perde o ritmo em nenhum momento. As entrevistas emocionadas, de Ric e outros ativistas, e irônicas, de algumas autoridades japonesas, são intercaladas com belas imagens sub-aquaticas, e cenas de ação imperdíveis. O filme é uma obra prima e uma aula de humanidade.
