segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Grazie, Alfredo!

Pessoalmente, não há filme mais belo e inocente que Cinema Paradiso (“Nuovo Cinema Paradiso”, Itália, 1988), de Giuseppe Tornatore. Ele nos conta a história de Salvatore Di Vita (Jacques Perrin), que ao descobrir sobre a morte de Alfredo (Philippe Noiret) se lança em um flashback de sua infância em sua cidade natal Giancaldo.


Salvatore, mais conhecido à época como Totó (Salvatore Cascio), era apenas uma criança quando conhece o Cinema Paradiso. Sempre arrumando confusão, cochilava na igreja como o coroinha; espiava pelas cortinas do cinema, enquanto o padre censurava as cenas; fingia machucar o pé para conseguir carona de bicicleta e ainda gastava o dinheiro do leite para ir ao Paradiso. Além disso, mesmo sem permissão, entrava na cabine do projetor Alfredo, de onde roubava alguns frames de negativos esquecidos e criava suas próprias histórias.


A vida de Totó se resumia à escola com todas suas excentricidades e ao Paradiso. No início dos anos 30, ir ao cinema era uma grande experiência. Até os adultos se comportavam como meninos, batendo palmas todos juntos para acordar um dorminhoco. É então que, através de uma pequena chantagem, Totó começa a trabalhar com Alfredo, que o ensina tudo sobre a projeção de um filme. E assim o garoto cresce, começa a documentar sua vida em 16mm e conhece Elena (Agnese Nano). No entanto, Salvatore deve ir embora, retornando nostálgico anos depois para o funeral de Alfredo.


O diretor Giuseppe Tornatore, de "Baaría(2009), presta atenção nos mínimos detalhes, como se fotografasse pequenos rituais do cotidiano – sinos batendo, mãos fazendo tricô, mulheres enchendo vasos d’água na fonte – e são esses momentos que dão o feeling do filme. Além disso, com a trilha sonora estupenda de Ennio Morricone, a simplicidade das vidas e a serenidade da cidadezinha tornam-se mágicas.


Incrivelmente metalingüístico, este é um filme que fala sobre filmes, se passa num cinema e conta a história de um cineasta. Assim, é dificílimo ele não apelar aos cinéfilos, aos quais recomendo aguardarem a cena final, na qual é impossível não ficar arrepiado quando a promessa é cumprida.



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