domingo, 26 de setembro de 2010

FESTIVAL DO RIO: Beleza Oriental


Por trás de um drama doloroso existe uma beleza atípica. O filme sul-coreano “A empregada” é, ao mesmo tempo, trágico e sensível. Cria um clima denso, mas descontrai nas horas certas. É inteiramente merecedor de sua escolha para a seleção oficial do Festival de Cannes desse ano. Agora, chega ao Festival do Rio para o público carioca. Com certeza, um filme especial.


A sinopse é curta, direta e interessante: Uma jovem é contratada para ser babá da filha de uma família milionária. Ao se mudar para a mansão, começa a se envolver com o pai da criança, mas logo é descoberta. A partir daí, a vida de todos os moradores vira ao avesso.


Lembra muito o inesquecível “Beleza Americana” de 1999: Ambos retratam uma família desconstruída por dramas cotidianos e valores questionáveis da alta sociedade local. No caso de “A Empregada”, vemos uma família oriental riquíssima inflada por uma moral que se destroça com a tragédia da trama. A postura, até então inabalável, se desmorona em atitudes agressivas e desumanas, que contraditoriamente trazem à tona o lado humano dos personagens.


A história, porém, não é feita somente de conflitos em seqüência. Ao explorar a relação da jovem babá com a governanta da casa, a trama ganha certo humor e chega até a arrancar algumas risadas da platéia. Esse fato não só aprofunda o universo do filme como também impede o drama de se tornar insustentável. A fotografia é outro fator que oferece uma sensibilidade que acalma a história.


É um filme ótimo com um final surpreendente. Perde um pouco por deixar a relação do casal milionário à margem, esse ponto poderia ter sido mais explorado para situar melhor o espectador nas razões da traição. Mesmo sendo relevante, isso não compromete de forma alguma a obra. “A empregada” apresenta a vida oriental de uma forma única. Assim como “Beleza Americana”, merece seu espaço na memória.

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