sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Portugueses No Alemão


SIMÃO PEDRO SANTOS


Explorar a realidade é a intenção de todo documentário. Mas, assim como o cinema de ficção, ele é uma representação parcial e subjetiva do real. Por isso, fica por conta dos diretores fazer algo diferenciado. No filme Complexo: Universo Paralelo, temos a visão de dois gringos sobre um dos maiores e mais perigosos conjuntos de favelas do Rio de Janeiro.


Dois irmão portugueses, Mário e Pedro Patrocínio, decidiram fazer um documentário sobre o Complexo do Alemão. Experimentando o que é acordar e dormir ao som de tiros e testemunhado ações da polícia, eles buscaram dar conta do que é viver como simples habitantes deste universo paralelo onde o poder do governo não chega. Porém, em vez de destacar a violência e o tráfico de drogas – existentes na região – os diretores focam na dificuldade de viver num lugar que aparentemente está totalmente abandonado pelos governantes, onde a miséria e a pobreza estão presente em todos os becos e vielas do conjunto.


No Alemão, eles destacam e convivem com três persogens principais: Dona Célia, mãe de oito filhos, crente de que tudo é possível; MC Playboy, funkeiro que luta para unir o local onde nasceu e foi criado; e Seu Zé, presidente da associação de moradores há mais de 30 anos.


Para inovar no depoimentos dos personagens, Márcio e Pedro começaram a usar varios enquadramentos diferenciados. Uma de suas melhores ideias foi fazer com que Seu Zé "interagisse" com os espectadores do filme.


Utilizando uma trilha sonora caracteristica das áreas mais preriféricas da cidade – como o funk e rap – para dar ritmo ao documentário, e com tomadas longas e bonitas – como em um jogo de futebol ao pôr-do-sol – o filme possui a estética caracteristica da realidade carioca. Mostra tudo o que é vivenciado pelos moradores do Complexo do Alemão.

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