quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tragédia por Liberdade

Quando Anne-Marie (Michèle Laroque) recebeu a notícia de que seu marido havia falecido, parecia óbvio que as coisas se tornariam mais fáceis para assumir seu relacionamento extraconjugal. Mas, o que era para ser solução acaba virando um grande problema. Dessa complicada e incomum situação é criado o conflito central de Enfim Viúva (Enfin Veuve, 2007). Uma comédia francesa simples e contagiante, que passa longe do humor negro, corriqueiramente interpretado a partir título.

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A atrapalhada Anne-Marie era casada com um bem sucedido cirurgião plástico (Wladimir Yordanoff) e usufruía de todas as mordomias que o casamento poderia oferecer, desde ter uma bela casa e situação financeira confortável até a de aproveitar o exaustivo trabalho do marido para viver uma emocionante relação secreta com um sedutor pescador. Apesar de suas muitas confusões, Anne administrava muito bem a situação, até que seu amante, Leo (Jacques Gamblin), decide dar um ultimato. Ou ela viajava com ele para viverem juntos na China, ou o romance era desfeito.

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Quando finalmente se decide, Anne prepara uma carta de adeus para seu marido. Mas antes que pudesse entregar, recebe a notícia de que ele estava morto. Inicialmente, a dona de casa apenas se assusta com o fato de não conseguir sentir a menor tristeza pela perda de seu antigo companheiro. A situação só vai se tornando realmente incômoda na medida em que ela passa a viver cercada de familiares dispostos à lhe render consolo enquanto tenta armar, secretamente, uma fuga com Leo.

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Michèle Laroque é o coração do filme. Não apenas por interpretar a protagonista da trama, tampouco por sua grande beleza, mas por ser uma excelente profissional com capacidade de compreender e transportar o sumo da personagem em seus momentos mais complexos, levando, sempre, um humor sutil. O roteiro é simples, porém consegue prender o espectador por um bom tempo e flui com muita naturalidade. É bem possível, também, que muitas mulheres se sintam identificadas em algum momento vivido por Anne-Marie, já que o longa é completamente permeado por um clima essencialmente feminino.


Isabelle Mergault dirige uma obra aprazível que consegue arrancar algumas gargalhadas, mas que se propõe a um papel diferente da maioria das comédias. Enfim Viúva nos trás uma atmosfera agradável, com um humor simples, leve e bem costurado. Uma forte tendência no cinema francês. Sem grandes erros nem acertos, o filme é um bom e relaxante entretenimento. Infelizmente, não vai muito além disso.

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