terça-feira, 31 de agosto de 2010

Louras Geladas, Venham Me Consolar [Especial Alfred Hitchcock]


Alfred Hitchcock era um entusiasta da beleza; um fascinado por perfeição estética e, naturalmente, um apreciador irrequieto da sensualidade feminina. Sendo assim, o seu fascínio pelas mulheres foi declaradamente exposto naquilo que se tornaria, emblematicamente, o arquétipo da loura fria. A loura-dama, a loura-majestade, a loura-modelo: o exemplo sublime da beleza; da sexualidade com freios sociais; da revolução contida; da elegância deflorada por amor.

Kim Novak no set de Um Corpo Que Cai (1954)

As louras (ou loiras, como preferirem) eram para o cinema de Hitchcock não apenas uma escolha estética baseada na beleza das moças que as interpretavam – eram, por definição, partes principais da criação de um conceito; um emblema; uma representação indefectível da visão que o diretor tinha das mulheres. Algumas louras, eternizadas pelo sucesso de seus filmes, tornaram-se ícones de uma geração – um exemplo perfeito de tendências de moda e comportamento femininos.

"Tippi" Hedren em Pássaros (1963)
Grace Kelly, a mais famosa das louras, é, sem dúvida, a grande musa do cinema “hitchcockiano”. Trabalhou três vezes com “Hitch”, todas em grandes clássicos do cinema: Disque M Para Matar (1954), Janela Indiscreta (1954) e Ladrão de Casaca (1955). Outra loura importantíssima é Janet Leigh, que ao protagonizar a famosa cena do chuveiro em Psicose (1960), garantiu sua eternidade na história do cinema. Kim Novak, outra loura-emblema, viveu a dupla personalidade no clássico máximo Um Corpo Que Cai, (1958).

Janet Leigh em Psicose (1960)
Outras louras, como Eva Marie Saint, também eternizaram seus rostos ao participar de clássicos, como aquele que é, para mim, o melhor filme de Hitchcock – Intriga Internacional (1959). Doris Day, queridinha da América nos anos 50, viveu a doce Josephine na segunda versão de O Homem Que Sabia Demais (1956). Ruth Baxter empresta seu charme em A Tortura do Silêncio (1953), e a grande estrela Julie Andrews esbanja elegância em Cortina Rasgada (1966). “Tippi” Hedren, que, diz a história de bastidores, foi assediada por Hitchcock, também foi a estrela em Marnie, Confissões de Uma Ladra (1964) e no clássico absoluto Os Pássaros (1963).

Grace Kelly, estonteante, em Janela Indiscreta (1954)
Hitchcock costumava dizer que os atores eram como o gado – pura massa de manobra. E, para o deleite de todos nós, fãs, que fique registrada, portanto, nossa reverência ao vaqueiro – tal qual Grace Kelly que, ao recusar o papel que seria de “Tippi” Hedren em Marnie... por já ser a Princesa de Mônaco, assinou sua carta de desculpas como “a mais devotada de suas vacas”. Todos nós, Grace; um rebanho cego de devotos.
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