terça-feira, 10 de agosto de 2010

Na Casa Ao Lado [Festival de Gramado]


Sérgio Bianchi não economizou no suspense e no humor negro. Pensou com cuidado no incômodo que queria causar e foi totalmente bem sucedido a cada plano de Os Inquilinos, seu último filme após “Quanto Vale Ou É Por Quilo”, de 2005. Em uma vizinhança aparentemente tranquila, Valter (Marat Descartes) e Iara (Ana Carbatti) criam seus filhos com humildade e receio, pois nunca se sabe até onde violência pode chegar. Quando a possibilidade de perturbação da ordem se instala na casa ao lado, o casal começa a se preocupar não só com a segurança da família como também com tudo à volta deles.


Bianchi cria sobre Valter um terror psicológico que envolve a insegurança de um pai de família que passa o dia inteiro fora de casa e sua curiosidade quanto ao que acontece quando ele está ausente. Ao se deparar com a possível ameaça à estabilidade da paz, suas atitudes convergem para uma mistura de obsessão e excesso de preocupação. Assim, surge um personagem atormentado pela própria imaginação e alimentado pelas informações distorcidas, e em tom de fofoca, passadas por sua mulher.

07

A trama trabalha o tempo todo com o suspense gerado pelos novos inquilinos da casa vizinha. Apesar da bagunça, do barulho e das festas em horários inadequados, ninguém sabe ao certo explicar quem são os baderneiros e de onde vieram. Porém, o ponto forte do filme está no comportamento e nas alterações emocionais causadas por este fato. Costurado inicialmente por algumas imagens de Brasil Urgente, e a inconfundível voz de Datena na televisão, sentimos o leve tom de sarcasmo quanto a banalização do terror e sua espetacularização. Opa. Onde chegamos?

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“Os Inquilinos”, além de ser uma produção crítica e social (como é mostrado ao longo de sua duração), é prioritariamente um trabalho que valoriza a criação e o desenvolvimento do filme como arte, sem deixar de lado a ironia. Vai dizer que nunca vigiou o vizinho pela janela, han…

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