quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ah, Mulheres!

Albert Einstein disse uma vez que ele queria entender duas coisas na vida: a teoria da relatividade e as mulheres. No entanto, só a primeira lhe pareceu fácil. Pelo menos, esta foi a história que ouvi, mas não me parece inacreditável que uma das mais brilhantes mentes do mundo contemporâneo ache a cabeça feminina incompreensível. Mulheres somos complicadas, nunca sabemos o que queremos e temos a tendência de ficarmos de leve mal-humoradas numa certa época do mês, para o desespero de muitos homens. Mas não são só as amigas, irmãs, primas, ficantes, namoradas e esposas que inquietam – o primeiro contato com o mundo feminino é, afinal das contas, através das mães.


A fim de vislumbrar a complexidade de ser mãe, o diretor e roteirista Rodrigo García, filho do ilustre escritor Gabriel García Márquez, resolve se aprofundar no tema e assim surge Destinos Ligados (“Mother and Child”, Estados Unidos, 2009). O filme conta as histórias de três mulheres, que lutam para lidar com seus problemas de adoção e maternidade. Elizabeth (Naomi Watts) é uma advogada bem sucedida que utiliza seu sex appeal em benefício próprio para manter-se no comando. Já Karen (Annette Bening) é uma enfermeira amargurada por ter entregado, aos 14 anos, seu bebê para adoção. Há ainda Lucy (Kerry Washington) que, estéril, está desesperada por um bebê para satisfazer seu marido e começar a tão desejada família.


Com muitos close-ups e planos fechados, nos aproximamos das personagens e vemos de perto seus maiores traumas. Com uma fotografia azulada, a imagem reflete também a tristeza das histórias, acompanhada pela simples mas emotiva trilha sonora de Ed Shearmur. Com uma narrativa muito sensível e humana, o roteiro disseca intensamente as relações maternais destas mulheres, mas isso não vem como nenhuma surpresa, pois a priori García já havia discutido a feminilidade em “Nove Vidas” (“Nine Lives”) e “Coisas Que Eu Poderia Dizer Só de Olhar Para Ela” (“Things You Can Tell by Just Looking at Her”), além de discutir a relação entre pais e filhos no telefilme “Father and Sons”.


Em relação a atuação, apesar das participações dos incríveis Samuel L. Jackson, Jimmy Smits, Marc Blucas e David Morse, são as mulheres que roubam os holofotes. Além das três protagonistas, há ainda a linda Brittany Robertson, como a inocente menina cega Violet, numa das cenas mais lindas do filme. Falando nisso, outro aspecto interessante é o longa não ter medo de quebrar vários racismos muito presentes na sociedade americana, mostrando uma comunidade multirracial de negros, hispânicos e brancos.


Apesar do dito popular “mãe só muda de endereço”, vemos neste longa como mães tem um trabalho árduo. Como se não bastasse as relações com suas próprias mães, mais os palpites das sogras, elas  muitas vezes negligenciam suas próprias vidas em prol de seus eternos bebês. O que as motiva tanto? Só Freud mesmo explica.

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