sábado, 21 de agosto de 2010

Nunca Casados [Especial Alfred Hitchcock]


As semelhanças entre o filme dirigido por Doug Liman, estrelado por Brad Pitt e Angelina Jolie, e a comédia romântica de maior sucesso de Alfred Hitchcock não vão muito além do nome. Sr. e Sra. Smith – Um Casal do Barulho (Mr. and Mrs. Smith, 1941) não é um filme de espionagem, luta, tampouco de explosões. Ainda assim, sem nenhuma ação e com um roteiro bem trabalhado, temos mais uma bela obra do diretor inglês, logo no início de sua carreira em Hollywood.

Sr e Sra. Smith
Imagine uma família incomum. Uma mulher e marido invejáveis e uma situação financeira bastante segura, porém, com uma união baseada em regras excessivas que devem ser seguidas na risca como método para evitar qualquer forma de desgaste no relacionamento. Esta era a situação em que se encontravam Annie (Carole Lombard) e David (Robert Montgomert), até receberem um comunicado sobre um erro no processo judicial do seu casamento.

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Descobrindo que nunca estiveram oficialmente ligados, a ideia de liberdade seduz bastante os Smith. Ele tenta se divertir com o fato de poder ter uma relação extraconjugal com sua própria mulher e não tem pressa para resolver o problema. Ela, irritada com a demora e insegura de um novo pedido de casamento, passa a repensar sua vida e imaginar como tudo poderia ser diferente se tivesse casado com outro homem. A partir daí, os dois começam uma divertida corrida. Annie para reaver o tempo perdido e David para tentar reconquistar sua esposa.

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O filme nasceu de um pedido da própria Carole Lombard, que era amiga íntima do diretor. Comenta-se que Hitchcock procurava provar para todos e para si mesmo que seria capaz de ter sucesso em uma produção água com açúcar após o fracasso (talvez injusto) de sua primeira tentativa em ‘Ricos e Estranhos’. Dessa vez ele dirige uma comédia romântica como especialista deixando para trás muitos filmes atuais do gênero, 70 décadas depois.

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Apesar da mudança completa de estilo, sem nenhum rastro de suspense, o constante cinismo e sarcasmo utilizados na história, a aparição da bebida brandy, locações em banheiros, sutis metáforas sexuais e o próprio Hitchcock servindo como figurante assinam bem sua obra. Um filme que não chega ao espetacular, mas que cumpre perfeitamente o seu papel, levando diversão e humor de forma bastante simples ao espectador. Mais uma vez o Mestre do Suspense provava que, acima de qualquer rótulo, era um grande diretor.
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