Jogo Sujo ("The Skin Game", Inglaterra, 1931) é o 17º filme dirigido por Alfred Hitchcock e não chega a ser considerado um de seus melhores. Ao analisarmos a trama atrelada ao contexto histórico em que foi realizada, no entanto, parece uma crítica sutil aos moldes da sociedade inglesa do período. O curioso é que ele parece não tomar partido, criticando tanto os novos ricos que buscavam progresso a qualquer custo quando os milionários mais conservadores que buscavam manter sua influência, e tudo mais a sua volta, inalterada.
O filme conta a história das famílias Hillcrest e Hornblower, que devido a um pequeno conflito acerca da administração de um terreno do Sr. Hillcrest vendido ao Sr. Hornblower, quando o novo dono decide despejar alguns inquilinos contra a vontade do antigo proprietário. A partir disso, tem início uma verdadeira guerra pela posse das terras da pequena cidade. O Sr. Hornblower, recém chegado, deseja adquirir a maior quantidade possível de terrenos para instalar fábricas e alojar seus operários. O Sr. Hillcrest, ao contrário, quer comprá-las para manter a vegetação e, consequentemente, o ar limpo para sua família.
Como toda a dramaturgia clássica tem origem na tragédia grega, não poderíamos esperar conseqüências que fugissem desse estilo. O jovem casal, ela filha do Sr. Hillcrest e ele filho do Sr. Hornblower, acaba separado. O passado de todos é vasculhado até que se descubram os podres de Chloe, nora do Sr. Hornblower. Achou shakespeariano? O desfecho então…
Tudo bem, eu admito. Não é nem de longe um dos melhores filmes de Hitchcock, mas ao considerarmos o nível do diretor, isso não significa muita coisa. Como sempre, ele nos prende logo nos primeiros minutos e só nos deixa livres para fazer outra coisa após o fade out prós créditos. O filme está em domínio público e bode ser baixado, gratuita e legalmente, no Internet Archive.
