
O Ganhador do prêmio da Federação da Crítica Internacional de Cinema (Fipresci), do 60º Festival de Berlim, chegou à tela do Festival de Gramado ratificando a qualidade dos filmes latinos que passaram pelo Palácio dos Festivais. El Vuelco del Cangrejo, uma co-produção colombiana e francesa, é linear, devagar e extremamente simples no que diz respeito a sua estrutura narrativa. Apesar disso, transmite sua mensagem perfeitamente e mostra como se faz muito com pouco.
A história se passa no pequeno povoado de La Barra, região litorânea do norte da Colômbia. O local, defendido pelo negro Cerebro, sofre com a degradação e e os planos de um branco que deseja ter um hotel na praia. Daniel, um homem perdido e enigmático, chega ao lugar e espera, com a ajuda da pequena Lucia, uma oportunidade de conseguir uma lancha e sair do país.
O diretor e roterista Oscar Ruíz Navia trabalha a adaptação de problemas, até certo ponto universais, para uma pequena parte do território colombiano. As discussões pelo abuso e exploração do espaço, a relação homem e natureza, o conflito entre brancos e negros, a figura feminina e a necessidade de fuga são transformados em um filme que ganha a simpatia do espectador apesar de seu ritmo lento.
Como um ponto a mais para o cinema autoral, a direção de Ruíz Navia dialoga perfeitamente com a proposta do filme. A câmera fixa, extremamente explorada, permite que os elementos surjam aos poucos compondo os planos, deixando claro também uma técnica preguiçosa, propositalmente, e peculiar.
“A Reviravolta do Caranguejo”, em tradução livre, é uma produção muito bem cuidada apesar de sua simplicidade. É bonita também esteticamente, revelando que a dupla de fotógrafos Sofía Oggioni Hatty e Andrés Pinedase se deu muito bem com o diretor. Com uma combinação feliz entre imagem e história, não temos realmente muito do que reclamar.
