segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um Tiro No Alvo [Especial Alfred Hitchcock]


Cores vibrantes e lindas paisagens. Uma aconchegante manhã de outono em Vermont. De repente, houve-se três disparos. O simpático aposentado Capitão Wiles andava pela floresta praticando seu hobby de caça ao coelho quando se depara com um corpo. Assim começa O Terceiro Tiro (The Trouble With Harry, 1955) um filme de Alfred Hitchcock, que mesmo tendo toda a cara de ser mais um grande suspense, é, na verdade, uma das poucas vezes em que o diretor foge ao estilo que o consagrou, apostando na comédia.

terceirotiro

Autor dos três tiros e notoriamente péssimo de mira, o Capitão acredita ter acertado o desconhecido com uma bala perdida. Inseguro sobre as consequências do acidente, decide esconder e enterrar o corpo, mas é constantemente atrapalhado por personagens que se apresentam ao longo da história. Entre eles a encalhada Srta. Gravely, o pequeno Arnie e sua bela mãe Jennifer, o confuso Dr. Greenbow e o ‘multiartista’ Sam.

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Com o desenrolar da trama vários problemas e soluções são encontrados, o defunto acaba sendo enterrado e desenterrado inúmeras vezes. A identidade do verdadeiro assassino vira dúvida e uma intrigante e divertida história tem início. Todos passam a ser suspeitos não apenas por seu envolvimento com o caso mas também pela forma tranquila com que tratam o acontecido.

terceiro tiro

O mestre do suspense prova que não é chamado assim à toa e que não só de sustos se faz Hitchcock. Com locações simples, cenas bem teatrais e alguns belos diálogos o diretor faz fluir uma narrativa leve, com jogadas de humor negro, equilibrada em mistérios que fazem o espectador não conseguir desgrudar da tela antes de poder ver tudo resolvido. Até quando se acredita desvendar a história completamente, novas surpresas se explanam e, em algum momento, quem acompanha a trama passa a ter certeza de que nunca pode esperar nada.

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A belíssima fotografia de Robert Bruks faz o filme ter um clima mais calmo e limpo, servindo de base para uma história que seja despojada, ainda que com um enredo fúnebre. A trilha sonora, ponto marcante em todos os trabalhos de Hitchcock, não foge da regra, dando um ritmo estimulante e divertido. Os atores do longa são ótimos, com destaque para Shirley MacLaine (Jennifer), que estreava no cinema já concorrendo a prêmios. O resultado é uma comédia que consegue, ao mesmo tempo, ser serena e fazer suspirar até o ultimo instante, criando um maravilhoso sentimento de contradição que apenas um grande mestre poderia nos causar.

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