
Riviera francesa. Um grito. Um gato no telhado. Três cenas que talvez não tenham nada a ver umas com as outras, mas que nas mãos de um grande diretor se tornam perfeitas para o início de um suspense policial. Este é Ladrão de Casaca (“To Catch a Thief”, Estados Unidos, 1955), de Alfred Hitchcock.
O ex-ladrão de jóias John Robie, o Gato (Cary Grant), é procurado devido a uma série de roubos que repetem seu estilo: jóias raras, lugares impossíveis e nenhuma impressão digital. No entanto, Robie se diz inocente e, como a polícia não acredita em sua palavra, ele pretende pegar seu imitador no ato. Para isso, se aproxima das jóias sob o pseudônimo de Mr. Burns e assim conhece a manipuladora Frances Stevens (Grace Kelly).
Filmado quase todo em locação pelo litoral francês, o filme tem belos planos aéreos da região. Este foi um dos primeiros longas a usar a tecnologia VistaVision, que apesar de impossibilitar o foco no horizonte e o devido uso de close-ups, aumenta a resolução e a clareza da imagem. Por isso, Robert Burks levou o Oscar de melhor direção de fotografia colorida – entre 1939 e 1967 existiram tanto o Oscar de direção de fotografia colorida quanto o de preta e branca.
Além da fotografia, o longa-metragem também foi indicado pelo glamoroso figurino de Edith Head – aquela em quem os criadores de "Os Incríveis" se basearam para criar a estilista Edna Mode. Os vestidos de Grace Kelly, em especial o dourado da festa à fantasia, são magníficos.
Não pode-se falar de um filme de Hitchcock sem comentar a trilha sonora. Esta é de Lyn Murray, que a posteriori apresentou o diretor a Bernard Herrmann, o compositor de Psicose e Os Pássaros. A trilha de Ladrão de Casaca é incrivelmente sincronizada com a cena, utilizando até a técnica mickey mousing, quando a música imita ações do do personagens.
Com perseguições de carros, personagens excêntricos e o flerte entre Kelly e Grant, o filme deixa o espectador curioso até o final.