O cinema de aventura foi um dos grandes responsáveis por trazer os grandes estúdios de Hollywood de volta ao panteão da produção em meados dos anos 80. O peso do cinema de vanguarda reduziu o poder das grandes companhias que, ao perceberem talentos como Steven Spielberg e George Lucas, ainda nos anos 70, fundaram o cinema blockbuster. 30 anos depois e sem a safra de talentos como os egressos da Nova Hollywood ainda há, quase como num lampejo, cinema de aventura de qualidade produzido para a massa: O Aprendiz de Feiticeiro ("The Sorcerer's Apprentice", EUA, 2010), de Jon Turteltaub, prova que ainda há alguma lucidez dentro do gênero.
A aventura da vez é a de Dave, um rapaz criativo que conhece, por acaso, o poderoso bruxo Balthazar Blake. E é a aptidão de Dave para a especialidade de Blake que une, imediatamente, a dupla numa jornada de aprendizado e conhecimento técnico da magia. Promovido a aprendiz, Dave dedica-se a combater o mal que se aproxima através da ameaça de Maxim Horvath, um antigo rival de Blake que pretende liberar a poderosíssima bruxa Morgana e instaurar o caos na Manhattan do século XXI.
Dave mostra-se, posteriormente, dotado de um poder que, só e somente só, poderia combater a magia de Morgana e trazer de volta a paz ao universo. A jornada de Blake e Dave é pontuada por uma análise particular da magia: diz-se que o ato de bruxaria nada mais é do que uma demolição das barreiras que impedem o ser humano de controlar o mundo físico ao seu redor.
Não temos aqui um filme extremamente empolgante – longe disso. Há, e que se faça justiça ao valor do Aprendiz, uma correta e divertida história digna de Sessão da Tarde. Mas que seja ressaltado: a carga de aventura nos remete ao melhor cinema de aventura dos anos 80 – perseguições, amores impossíveis, uma roteiro redondinho e personagens carismáticos, como o Blake de Nicolas Cage e o Horvath de Alfred Molina.
E por fim, voltando à aventura, temos a magia de Jerry Bruckheimer. Responsável por arrasa-quarteirões do gênero como "Piratas do Caribe" e "A Lenda do Tesouro Perdido", Bruckheimer prova seu poder como o principal produtor de Hollywood: um belíssimo festival de efeitos especiais traz força para uma trama que, despida de uma produção cuidadosa, provavelmente naufragaria. O Aprendiz... mantém-se firme por repetir a fórmula: vale um sorriso de canto de boca e, para nossa sorte, isso já é mais do que o suficiente.
