
Sim, se faz cinema na Nicarágua. Nesta última noite de exibições do Palácio dos Festivais, o longa “La Yuma”, de Florence Jaugey, passou e deixou a surpresa de um bom filme, apesar das limitações e do roterio não tão bem amarrado quanto o início da história promete. A trama envolve amor, tráfico, esporte e um humor surpreendentemente apurado que deixa com que a graça tome conta da maioria dos comentários posteriores.
Yuma é uma mulher que vive com a mãe, o padrasto e seus irmãos. Em casa, o clima nunca é muito bom: o padrasto é um acomodado que não trabalha, não ajuda na criação das crianças e implica todo o tempo com ela. Além disso, a mãe parece não se importar com o que acontece debaixo de seus olhos e acaba tirando a razão de Yuma cada vez que ela questiona seu modo inconsequente de levar a vida e a despreocupação com os filhos.
Ela, no entanto, sabe muito bem o que quer. Treina boxe na academia perto de onde mora e luta para conseguir trabalhar com o que gosta e ir embora. Neste meio tempo, se esforça, dá carinho aos irmãos, namora e corre atrás de disputas que possam leva-la a conseguir status como uma grande boxeadora.
O carro chefe da produção é, sem dúvida alguma, os personagens secundários. A dona da loja de roupas americanas, o primeiro treinador e o amigo travesti quebram um pouco a tendência ao tom dramático que a narrativa possui e dão um pouco mais de leveza ao engessado modelo de construção de Florence. Com uma pegada mais fraca, o cara por quem Yuma se apaixona é claramente um personagem que merecia ser melhor explorado, assim como sua relação com a boxeadora.
Assim, apesar de pequenas falhas como essas e uma simplicidade amadora de direção, a trama é simpática e não deixa de agradar os olhos brasileiros.
