
Honoré de Balzac foi um escritor realista francês cujos escritos estão compreendidos, em sua maioria, em um conjunto de 88 obras reunidas como “A Comédia Humana”. Esta pequena introdução sobre o romancista não é nem de longe a quantidade de informação necessária para se aventurar pelo documentário de Geraldo Sarno, O Último Romance de Balzac. Não por isto, a pequena produção, assim como este parágrafo, é empobrecida de informações sobre o autor. Em uma mistura um tanto quanto infeliz, o diretor é raso demais ao explorar seu ponto principal: um possível romance de Balzac, “Cristo Espera Por Ti”, psicografado pelo médico e médium Waldo Vieira.
O assunto, já tão complexo e polêmico por si só, não encontra base alguma para se sustentar como filme e a defesa da possível veracidade do livro não se cumpre. Depoimentos do próprio Waldo Vieira e do psicólogo Osmar Ramos Vieira, estudioso de “Cristo Espera por Ti”, são as únicas vozes de defesa, o que é pouco explorado apesar de ser a estrutura principal da narrativa. Apenas alguns trechos do livro são citados e comentados, atrapalhados por uma câmera flutuante com foco inquieto, que acaba por transformar a parte documental da película em um amontoado de informações mal aproveitadas.
Honoré de Balzac
O filme é mesclado com um tom ficcional, que fica por conta da encenação da história balzaquiana “A Pele de Onagro”. Filmada em preto e branco, muda e com intertítulos, esta parte salva levemente o trabalho de Sarno pela tentativa de conexão com seu tema e a estética cuidadosamente bem trabalhada. O personagem Raphael de Valentin, interpretado pelo músico Lirinha, é tido por Osmar Ramos como uma correspondência autobiográfica de Balzac e é articulada como um retrato comparativo para a obra.
Por fim, ao tentar inovar e quebrar a estrutura clássica documental, Sarno não faz nem um documentário nem uma ficção; não defende o que pretendia defender nem deixa a curiosidade que gostaria ao tratar um assunto tão em voga quanto o espiritismo no cinema.
