Sir Alfred Joseph Hitchcock foi um brilhante cineasta inglês, pioneiro em diversas técnicas nos gêneros suspense e thriller psicológico. Em seis décadas, ele dirigiu mais de sessenta filmes e ainda criou o programa de televisão Alfred Hitchcock Presents, tornando-se um ícone cultural. Assim, quando o diretor faleceu em 29 de abril de 1980, todos sabiam que nunca mais veriam um filme hitchcockiano. Ou será que não seria bem assim?
The Key to Reserva (“A Chave para Reserva”, em tradução livre) é um roteiro perdido de 3 páginas e meia do próprio Mestre do Suspense. “Uma coisa é preservar um filme que foi feito, outra é preservar um filme que não foi feito”, diz o diretor Martin Scorsese, segurando com luvas protetoras as páginas do roteiro. É com esse intuito então, que ele resolve filmá-lo à la Hitchcock.
O curta-metragem – mudo, mas com trilha e efeitos sonoros – se passa em um teatro onde Roger Thornberry (Simon Baker) tenta descobrir o que há dentro de um maleta trancada. Como grande fã de Hitchcock, Scorsese faz referência a muitos filmes do diretor: de Intriga Internacional temos a mesma sequência dos créditos iniciais, a trilha sonora de Herrmann, o terno e o logo de Cary Grant, o vestido de Eva Marie Saint e o agente da C.I.A.; de Janela Indiscreta, um flash que cega; e há ainda elementos de Um Corpo Que Cai. Veja, abaixo, o resultado:
Percebeu a garrafa de champagne? Então, tudo isso não passa de uma propaganda da Freixenet, uma das mais renomadas vinícolas espanholas. O curta, infelizmente, não é baseado em um roteiro perdido do Mestre, mas o projeto tenta, sim, preservar seu estilo. Quando perguntaram a Scorsese o que ele acha que Hitchcock pensaria a respeito, ele respondeu: “Bem, às vezes, enquanto faço isso, sinto-o olhando por cima do meu ombro. Só espero que ele leve [o projeto] com bom humor”.