
-You seem to forget there’s a thing called pride!-
disse Betty ao receber o convite para ser sustentada pelo seu namorado.
disse Betty ao receber o convite para ser sustentada pelo seu namorado.
Champanhe (Champagne, 1928, Inglaterra) é um dos primeiros filmes da carreira de Sir Alfred Hitchcock. Baseado na história do escritor inglês Walter C. Mycroft, é mudo, em preto e branco e até hoje muito pouco comentado apesar de sua relevante elaboração técnica para a época. Simples, além de um pouco diferente do chamado “estilo” hitchcockano, apenas rascunha os primeiros passos da direção cinematográfica do mestre.
Betty (Betty Balfour) é uma mulher rica, mimada, com jeito de menina e muito impetuosa. Para uma mulher do final da década de 20, Betty é um exemplo de desordem e quebra de paradigmas. Desrespeitando seu pai, um grande empresário do mercado de champanhe, foge em um avião para encontrar-se com seu namorado em um navio em alto-mar. Nesta fuga, brinca com a aliança nos dedos e a possibilidade do casamento deixando entender, apesar de apaixonada, um certo medo quanto a sua perda de liberdade.
A obra não é um dos grande medalhões mas reúne diversos elementos que futuramente viriam a ser considerados característicos da filmografia de Hitchcock. A carga emocional da protagonista acentuada nas expressões devido a falta de falas concentra a grande parte da atuação de todo o filme. Não à toa, Betty é um molde de onde saiu, posteriormente, as mais famosas loiras do diretor.
O elemento champanhe, que dá nome à obra, aparece em situações chaves da narrativa e um personagem suspeito que cerca Betty, e se revela parcialmente durante o filme, não é nada mais nada menos que um sutil e incipiente jogo com o gênero que o consagra até hoje. Desde os olhares até as atitudes, o homem representa um mistério para o espectador e deixa o gostinho de um conhecido sabor. Um brinde ao suspense.