A vida da famosa estilista francesa Gabrielle Bonheur Chanel virou moda para a indústria cinematográfica. Após o filme “Coco antes de Chanel”, de Anne Fontaine, foi lançado Coco Chanel & Igor Stravinsky (Coco Chanel & Igor Stravinsky, 2009), dirigido por Jan Kounen, quase como uma sequência, ainda no mesmo ano. No Brasil, o novo longa estréia apenas agora. Se o primeiro filme conta biograficamente a infância pobre de Coco e o caminho percorrido pela estilista até alcançar a fama, o segundo se prende à suposta relação amorosa da francesa com o maestro russo Igor Stravinsky, misturando história e ficção.
O filme começa na França, ano de 1913, enquanto Coco ainda mantinha um caso com o empresário Boy Capel. Ao assistir a primeira apresentação de A Sagração da Primavera, no Teatro des Champs Élysées (inovadora porém mal recebida pelo público), Coco desenvolve um grande interesse pelo trabalho de Igor. Sete anos depois, após a morte de seu amante, a estilista decide investir não só na carreira como também em uma relação secreta com o maestro. No filme, Coco utiliza do seu poder (principalmente financeiro) e sensualidade arrogante para conquistar o músico. A relação passa a ser inspiração para o ofício de ambos.
O longa tem como pontos fortes na parte técnica uma boa direção de arte e acabamento. Outro destaque é a atuação de Anna Mouglais, que interpreta Coco (por sinal, de forma completamente diferente de Audrey Tautou, que fez a estilista anteriormente). A atriz desenvolve uma personagem forte, sensual, segura e cruel, equilibrando bem frieza e feminilidade, digna de uma Coco pós Chanel. Anna parece se dar bem ao trabalhar grandes personalidades. Em 2006 viveu Simone de Beauvoir em “Les amants du Flore” e poderá estrear em breve como Juliette Greco, em um filme sobre Serge Gainsbourg.
Apesar disso, a produção deixa a desejar em alguns pontos. Amarrado em um romance duvidoso, com detalhes criados pela imaginação do autor, Coco Chanel & Igor Stravinsky perde a oportunidade de entrar mais a fundo nas personagens título da história. Mesmo ilustrando momentos como a criação do perfume Chanel nº5 e de trechos de renomadas sinfonias de Igor, abre-se mão de explorá-los para dar lugar à cenas de sensualidade quase apelativas das duas personalidades. Coco deixa de ser retratada por sua importância histórica e é lembrada pelos sempre tão comentados namoricos.
