segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Gênio Não Estava Sozinho [Especial Alfred Hitchcock]

Grandes autores do cinema sempre tiveram a percepção da importância da trilha sonora para a construção de um filme. Em uma atmosfera de suspense, a afirmação musical parece ser ainda mais imprescindível, e é nesse ponto que se consolida uma lendária relação entre Bernard Herrmann e Alfred Hitchcock. Não coincidentemente, algumas das maiores obras de Hitchcock (todas do período que vai de 1955 a 1964) têm suas trilhas assinadas por esse impecável compositor: "O Terceiro Tiro", "O Homem Que Sabia Demais", "O Homem Errado", "Um Corpo que Cai", "Intriga Internacional", "Psicose", "Os Pássaros" e "Marnie, Confissões de Uma Ladra".

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A presença de Herrmann é tão marcante que não se pode nem considerar a existência de filmes como "Psicose" dissociados de suas trilhas originais. Talvez uma das maiores cenas da história do cinema, quando Marion Crane é assassinada no banheiro, não teria sido tão marcante se Herrmann tivesse aceitado calado a opinião de Hitchcock defendendo que a cena seria mais impactante se não tivesse trilha alguma.

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Mesmo em um filme como "Os Pássaros", que não contém nenhuma música incidental, lá está a marca de Herrmann, que comandou o design sonoro para ajudar a criar, de forma extremamente sutil, a atmosfera de suspense através da condução do som das aves e dos objetos de cena.

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Bernard Herrmann era extremamente rigoroso quanto ao seu controle criativo sobre as trilhas que compunha ou conduzia. Ou a palavra final era sua, ou, simplesmente não fazia o filme. E essa liberdade na sua relação com Hitchcock era tão grande que em inúmeros momentos o ritmo e o tamanho de cada cena eram definidos pelas idéias do compositor, e não o contrário, como tradicionalmente é feito no cinema.

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A relação dos dois mestres se rompeu durante o filme "Cortina Rasgada". Segundo relatos da Universal, Hitchcock queria algo mais influenciado pelo jazz e pelo pop, buscando inovar o estilo de Herrmann, que inicialmente aceitou as sugestões, mas acabou desenvolvendo a trilha de acordo com suas próprias ideias. Desde então, os dois nunca mais trabalharam juntos e tiveram a relação seriamente abalada. Herrmann trabalhou também nas trilhas de "Cidadão Kane" (de Orson Welles), "Taxi Driver" (de Martin Scorsese), "Obsessão" (de Brian de Palma) e tem uma de suas músicas, composta originalmente para o filme "Twisted Nerve" (de Roy Boulting), usada em "Kill Bill vol.1" (de Quentin Tarantino).
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