Quinze dias é suficiente para se filmar um longa metragem? Fabiano de Souza, diretor gaúcho, trouxe para a Mostra Panorâmica do Festival de Gramado a resposta e não decepciona com o resultado de sua ousadia. A Última Estrada da Praia (Brasil, 2010), seu primeiro grande trabalho, é uma amostra cinematográfica que transforma uma inspiração literária em um projeto realmente admirável.
Fabiano se baseou no livro “O Louco do Cati”, do modernista Dyonélio Machado, para compor livremente o roteiro do filme além de outra produção audiovisual para a televisão. Três amigos resolvem fazer uma viagem de caminhonete pelas praias do sul, levando junto um desconhecido (Rafael Sieg) que cruzou o caminho deles. O homem, com olhar perdido e um jeito infantil, não pronuncia uma palavra e vive atormentado por barulhos de sirenes de ambulância.
Miriã Possani, Marcos Contreras e Marcelo Adams interpretam um triângulo amoroso jovem e trabalham no decorrer da narrativa a ideia de liberdade, ponto forte do road movie. Desde a iniciativa de uma “fuga” despretensiosa, até a aceitação da companhia de um estranho, transpassada pelo álcool, pela maconha e pelo sexo, a trama envolve o espectador pelos caminhos que resultam de suas escolhas e consequências.
Assim, a produção está perdoada pelo amadorismo e falta de maturidade, já que consegue provocar com sua subjetividade e seu clima surpreendentemente poético. A partir do segundo movimento do filme, Marcos Contreras e Rafael Sieg conduzem um olhar sem horizonte pela pelo mar, em um pseudo-diálogo entrecortado por objetos carregados de conotações.
Assim, a produção está perdoada pelo amadorismo e falta de maturidade, já que consegue provocar com sua subjetividade e seu clima surpreendentemente poético. A partir do segundo movimento do filme, Marcos Contreras e Rafael Sieg conduzem um olhar sem horizonte pela pelo mar, em um pseudo-diálogo entrecortado por objetos carregados de conotações.
Como uma grande promessa para o cinema gaúcho, o diretor transformou o contexto original de Dyonélio Machado em uma obra essencialmente existencialista e reflexiva. Um grande acerto, assim como “À Palo Seco” encerrando com os créditos. Esperamos por mais.
