Muitas vezes é irrestível chamar um diretor do naipe de Alfred Hitchcock de "gênio", "mestre" e outros adjetivos desse porte. Por isso, expressões como "mestre do suspense" e "mais um filme genial" apareceram tanto durante esse especial. Hitchcock foi um profissional repleto de qualidades e, como tal, imprimia uma série de "marcas registradas" em seus filmes. Talvez a mais famosa, e também a mais divertida e mais reproduzida, seja sua curiosa mania de aparecer ali no cantinho da tela, sem chamar muita atenção. Esse será o tema desse post, que irá encerrar nosso Especial. Deixamos isso pro final porque certamente o texto terá um quê de spoiler, então se você não quiser saber coisas sobre filmes que você pode não ter visto ainda, não continue lendo. Mas se quiser se divertir um pouco, basta clicar em "ler completo".
Há notícias de aparições de Hitchcock em 39 de seus filmes. A princípio, essas "participações especiais" eram breves e, de modo geral, aconteciam já no final das tramas. Quando a prática foi ficando famosa, no entanto, o diretor ficou feliz em atender ao pedido do estúdio e passar a dar as caras de forma mais explícita logo no começo da película. O motivo: os espectadores começavam a procurar a silhueta dele ao invés de prestar atenção no filme. Por que será?
No início da carreira suas aparições eram ocasionais, especula-se até que as primeiras possam ter sido acidentais, mas o gesto foi repetido em todos os 30 filmes que fez depois de Rebecca, seu primeiro trabalho nos EUA. As aparições mais longas foram em Chantagem e Confissão e Jovem e Inocente - no primeiro, de 1929, ele é um passageiro no metrô londrino incomodado com a leitura em voz alta de um menino, e no segundo, de 1937, aparece segurando uma câmera na área externa de um prédio governamental. Nos filmes O Inquilino (1927), Suspeita (1941), Festim Diabólico (1948) e Sob O Signo de Capricórnio (1949) ele aparece duas vezes.
Algumas das mais curiosas são em Um Barco e 8 Destinos (1944), no qual aparece no "antes" e no "depois" de um jornal; e em Janela Indiscreta (1954), onde participa de uma reunião de amigos em um dos apartamentos e, dizem por aí, chega a dar uma olhadinha para a câmera como quem pergunta "tá olhando o quê?". Ele ainda fez uma pontinha póstuma (e animada) através de uma homenagem no segundo episódio da quarta temporada de Os Simpsons, intitulado Um Bonde Chamado Marge, de 1992 em no filme O Ano Passado Em Marienbad (1961), de Alain Resnais.
Muitos grandes diretores imitaram Hitchcock ao aparecer em seus filmes. Alguns chegaram a interpretar papéis, ao invés de simplesmente atravessar uma rua. Nessa lista estão nomes como Terry Gilliam (que aparece em pelo menos 3 de seus filmes), Ron Howard (também em pelo menos 3 produções), Spike Lee (dando as caras em mais de 10 filmes), Steven Soderbergh (em Onze Homens e Um Segredo) e M. Night Shyamalan (com aparições descaradas em praticamente todos os filmes que dirigiu). É bem verdade que nenhum deles o fez na mesma elegância do nosso querido inglês...
E é com esse breve retrospecto que encerramos mais um especial, já preparando um outro ainda melhor pra vocês. Fiquem ligados nas nossas novidades!
