
Não é comum filmes produzidos para a exibição televisiva serem aclamados a ponto de ganharem as telonas, mas também não é impossível. Se o filme em questão, no entanto, for uma superprodução da HBO indicada a 15 Emmys, as coisas são um pouco diferentes. Estou falando de Hemingway & Gellhorn (EUA, 2012), telefilme que teve uma exibição especial em Cannes e será exibido daqui a pouco na sessão de gala que encerra o Festival do Rio.
Focado na relação entre a famosa correspondente de guerra Martha Gellhorn (Nicole Kidman) e o brilhante escritor Ernest Hemingway (Clive Owen), o filme acompanha os dois personagens do dia em que se conheceram até o fim da vida deles, mostrando todos os momentos importantes (estivessem eles juntos ou separados). Inevitavelmente, a produção faz também um grande passeio pela História, especialmente no que diz respeito à Guerra Civil Espanhola e à Segunda Guerra Mundial, incluindo, no intervalo, a expansão do domínio da URSS e a afirmação do comunismo na China.
Com uma estética brilhante e uma estrutura narrativa extremamente televisiva, o longa se torna uma peça única. Apesar de ter pouco mais de duas horas e meia de duração, o ótimo roteiro consegue prender nossa atenção e o ritmo dos acontecimentos faz com que a passagem de todo esse tempo seja (quase) imperceptível. Isso sem falar na grande atuação de Nicole Kidman, que encarna a personagem de Gellhorn com tanta perfeição que até deixa a mediocridade de Clive Owen parecer um pouco pior do que o normal. Há também uma série de super participações especiais, que incluem o "muso" Rodrigo Santoro e, curiosamente, o bateirista da banda Metallica, Lars Ulrich.
Em resumo, um belíssimo telefilme que tem grandes chances de agradar muito a todos que o assistirem no conforto do lar, mas que talvez não se sustente durante muito tempo no circuito comercial cinematográfico.
