domingo, 28 de outubro de 2012

Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos


Uma garotinha sonhadora, um adolescente problemático, uma mãe estressada, um pai fracassado, um tio homossexual suicida e um avô tarado e que tem problemas com drogas. Ou seja, uma bela família normal. É esse o núcleo de personagens do fantástico Pequena Miss Sunshine ("Little Miss Sunshine", EUA, 2006), um filme simples e simpático que, depois de seu lançamento no Festival de Sundance, ganhou o mundo e reabriu as postas da indústria cinematográfica para a produção independente (impulsionado, é claro, por mais de 50 prêmios que incluem dois Oscar e dois Bafta).


Nossa garotinha é a pequena Olive (Abigail Breslin), que sonha ser Miss América e é coreografada pelo avô viciado em heroína (Alan Arkin). A mãe, Sheryl (Toni Collette), faz tudo o que pode para manter a família unida e quando seu irmão, Frank (Steve Carell), recebe alta do hospital após ter tentado se matar, ela o leva pra casa esperando que ele receba algum apoio. Frank é instalado no quarto do revoltado Dwayne (Paul Dano), um jovem que quer ser piloto da Força Aérea e fez um voto de silêncio até os exames de admissão.


O pai dessa família é Richard (Greg Kinnear), um homem potencialmente fracassado, mas que tenta a todo custo vender sua ideia para um livro de auto-ajuda em que descreve os "nove passos infalíveis para o sucesso". É esse seu impulso de ser um "vencedor" que faz com que ele enfie toda a família em uma velha kombi amarela e dirija de Albuquerque (Novo México) até Redondo Beach (California) quando recebe a notícia que a vencedora do Pequena Miss Sunshine regional havia sido desclassificada por abuso de medicamentos (!) e sua filha, que havia participado do concurso quando passava as férias na casa de parentes, era a nova vencedora e poderia participar da fase estadual.


O roteiro impecável do filme é o motivo da maioria dos prêmios recebidos. Os conflitos se instalam naturalmente naquela família ao mesmo tempo tão problemática e tão amável, e até mesmo as situacões mais absurdas são verossímeis no universo que nos é apresentado. Pequena Miss Sunshine funciona muito bem como um todo, e é difícil destacar qual seria o principal mérito do produto. E só a título de curiosidade: o título que eu usei nesse texto é também o nome de lançamento do filme em Portugal.


Apesar de Pequena Miss Sunshine ser um dos grandes responsáveis por reabrir as portas de Hollywood para o cinema independente, as coisas não ficaram exatamente mais fáceis para os produtores que trabalham fora da lógica industrial do mercado. Os diretores do filme, Jonathan Dayton e Valerie Faris, conversaram com exclusividade com o LixeiraDourada sobre seu novo lançamento, Ruby Sparks - A Namorada Perfeita e explicaram pra gente como é ser indie hoje em dia e porquê eles demoraram quase seis anos para fazer um novo filme. Você pode ler a entrevista na íntegra clicando AQUI.

E na semana que vem vamos continuar falando um pouco mais de filmes familiares tristes-mas-alegrinhos com o aclamado Juno, que em 2007 confirmou que o cinema independente estava vindo para ficar, chegando ao ponto de levar uma ex-stripper ao palco do Oscar para receber uma estatueta. Não deixem de ler!
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