domingo, 14 de outubro de 2012

Mais Do Que Um Sacrifício



Mesmo atualmente, na África as tradições têm mais importância que qualquer Ipod ou Facebook que seja. Algumas delas chocam nossos costumes ocidentais profundamente. Um exemplo é o sacrifício humano. Esse ato de abdicação da própria vida pela salvação do outro apóia o novo filme de Alain Gomis. Hoje ("Tey", França, Senegal, 2011) não é apenas um dia na vida de Satché, é o seu último dia de vida.


Satché é um homem, filho, pai, marido, amigo e o escolhido. Ele sai dos Estados Unidos e retorna para sua cidade natal no Senegal com o propósito de morrer por sua comunidade. O filme acompanha o último dia de vida dele. Do momento que ele acorda até dormir novamente, numa cena bela e simples, na qual ele se deita atrás de sua esposa e seus olhos observam o contorno de seu corpo até fecharem para sempre. Ao longo do dia ele é reverenciado, celebrado pelas pessoas da comunidade, se despede de amigos e pessoas queridas, caminha por sua cidade em meio a muita depredação e destruição, calmo e contemplativo. Cada lugar visitado recebe uma despedida e benção. Ao chegar em casa, ele brinca pela última vez com seus filhos pequenos sem transpor o peso do fim.



O mais comum ao tratar de assuntos como morte e fim, é tornar tudo uma experiência traumática e melodramática. Mas este não é o caso em Hoje. O filme aborda o assunto de forma poética e humana. Muitas questões se referem a vida que segue, aos que permanecem e qual a importância de aproveitar plenamente. Saber a hora da morte é a maior liberdade que se pode ter. Ao livrar-se do medo da incerteza, ai então, podemos viver em paz. O filme é uma bela e emblemática poesia visual sobre a importância da vida.

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