quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Dinheiro Nunca Morre em Seul


O diretor Im Sang-Soo continua a sua saga sobre o luxo, as mazelas e o sangue que rola em Seul. Dessa vez, com O Sabor do Dinheiro ("Do-nui mat", Coreia do Sul, 2012), ele leva essa discussão para um lugar bem diferente. O novo capítulo da saga Corleone oriental carrega um pouco mais de dark e pega mais emprestado do cinema europeu e americano. Mas a intenção do diretor com os dois filmes continua a mesma: denunciar o problema das famílias super ricas que assolam a Coréia do Sul.



Um ponto muito discutido é a conexão entre esse novo filme e seu antecessor: "A Empregada". Quanto a isso o diretor esclarece: “Existe uma cena em O Sabor do Dinheiro que faz uma menção ao Empregada. E é a partir desse recall que a conexão entre os dois filmes é feita.” Mesmo assim as diferenças entre os dois são visíveis, além de serem duas histórias completamente isoladas, o que torna muito distante classificar um como sequel do outro, até mesmo para o diretor.


As outras mudanças se dão por conta dos protagonistas. “Enquanto a Empregada era uma personagem pura que enlouquece, Young Jak é muito mais intelectual. Ele sabe que o que ele está fazendo é imoral.” E o que ele está fazendo é se envolver nos negócios sujos de uma família que controla uma mega empresa do país, cheia de intrigas e mais troca troca que uma caixa de hamsters.



Esse segundo filme tem o dedo muito maior do film noir. Dessa vez, são os acontecimentos mais do que nas intenções que movem a história. Ele também tem muito mais ação, conseqüência de uma trama que se baseia mais em acontecimentos políticos do que na tragédia familiar, que ainda assim é bem presente. Essas diferenças são o resultado do diretor trabalhar com um roteiro próprio, em vez de uma adaptação de um filme de 1970 como foi com A Empregada.



A maior liberdade permitiu ao diretor também produzir um filme mais semelhante aos clássicos como Chinatown ou A Marca da Maldade. A inspiração para isso veio por causa da semelhança de realidade que a Coreia do Sul vive hoje com o ocidente. “A sociedade coreana está muito semelhande com a européia, aonde o poder está concentrado na mão de poucos, no caso da Coreia, nessas famílias super ricas que possuem negócios. Isso permite com que essas famílias controlem a lei, que eles cometam desavenças.”


Com dois filmes já lançados fica no ar apenas uma pergunta: Quando vai fechar a triologia? Sobre um terceiro filme, Im Sang So não mais vai falar sobre dinheiro na mão dos poderosos. A razão disso é política, pois ele afirma que a sua carreira está em perigo. “Mesmo com A Empregada indo bem em Cannes, foi muito dificil encontrar financiamento para fazer O Sabor do Dinheiro. Isso porque essas mesmas famílias também controlam o cinema na Coréia. Então, para o bem da minha carreira, eu resolvi deixar eles quietos no próximo filme.”
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