
Estamos sendo bombardeados por filminhos adolescentes de baixa qualidade e pouco sentido. É sempre um alívio quando descobrimos uma trama séria, bem arrumada, que não deixa uma faixa etária com cara de retardada. Foxfire: Confessions of a Girl Gang (Foxfire, Confessions d'un Gang de filles, França/Canadá. 2012) mostra inteligência, coragem, rebeldia e muita falta de senso em um grupo de meninas por volta dos 15 anos, e está longe de ser um filme retardado.
Partindo de um roteiro bastante clássico, a história nos leva aos anos cinquenta, em algum bairro popular de uma pequena cidade norte-americana. Lá, um grupo de meninas adolescentes se rebela contra a sociedade e a favor da liberdade e ascensão do sexo feminino. Elas formam a Foxfire, uma gangue que juram proteger seus membros e combater os frequentes abusos de homens da região. Pautadas em vingança e com ações violentas, as meninas buscam amadurecimento em sua própria lógica social e passam a ter que lidar com as consequências de suas ações perante o sistema estabelecido. Trata-se de uma história de força e determinação conduzida por um grupo
rebelde que, mesmo com muito boa vontade, paga pela má gestão de sua
capacidade de inquietude, sobretudo por sua imaturidade.
Mesmo sem grandes novidades, a narrativa consegue ser extremamente fluida, sustentada por uma trilha sonora bem montada. O filme se renova com algumas reviravoltas, mas perde energia em certos momentos, não compensando algumas cenas basicamente repetitivas. Algo que é totalmente revertido nos momentos finais, suficientemente bons para congelar os olhos e levantar as orelhas.
Temos diversos filmes que tratam de meninas rebeldes e eles costumam dar certo. Um exemplo é o belo "Garota Interrompida", protagonizado por Winona Ryder e com forte participação de Angelina Jolie. Falando na nossa amiga de largos lábios, é bom lembrar que houve uma primeira versão do Foxfire em 1996, quando Angelina interpretou a líder da gangue, Lags (agora foi a vez da estreante Raven Adamson assumir o papel). O filme não deu tão certo na época e não me parece que o novo vá explodir, o que não significa que é um trabalho de pouca qualidade. Ambas versões foram inspiradas no livro de Joyce Carol Oates.
