terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Passado Ainda Vive




Passado e futuro sempre foram os terrenos de nossas maiores angústias e insatisfações. É próprio do homem moderno buscar no futuro a realização do presente e, no passado, a marca das experiências, sejam elas boas ou ruins. A psicanálise de Freud busca no inconsciente as origens dos problemas do homem. Seus medos, seus desejos, suas incertezas. E o caminho que percorremos para o entendimento de nós mesmos.


A adaptação para o cinema da obra de Alan Pauls, O Passado (“El Passado”, 2007, Argentina) pelo diretor argentino, mas radicado no Brasil, Héctor Babenco fala sobre os aspectos do passado e sua influência no presente. Vemos uma clara interferência freudiana no desenrolar da história. A já conhecida busca pelo “prazer imediato”, as neuroses e os escapismos da mente humana frente a uma realidade desagradável (até mesmo insuportável). Entramos em contato com o obscuro mundo da nossa psique.


O filme conta a história do casal Rímini (Gael Garcia Bernal) e Sofia (Analía Couceyro). Rímini é um jovem tradutor que, após doze anos de casamento, decide se separar de Sofia, sua primeira namorada. O divórcio acontece sem grandes alardes. No entanto, as tentativas de Sofia em superar o rompimento são em vão e ela passa a procura-lo. Daí surge uma série de acontecimentos que levam os dois a exaustão.  Rímini, atordoado, começa a sofrer de problemas psicológicos – uma defesa de seu subconsciente. Torna-se quase impossível continuar seus trabalhos como tradutor. Nem os relacionamentos pós-casamento dão conta da pressão que ele sofre.


Uma pérola do longa de Babenco é a última atuação de Paulo Autran, considerado o maior astro do teatro brasileiro. É curioso como seu papel se insere na temática do filme. Aos 85 anos, ele emociona os que admiram uma boa atuação, apesar de ter poucos minutos em cena. Além de Paulo Autran, o filme conta com a presença de Ana Celentano e Claudia Tolcachir, dois conhecidos nomes do cinema argentino.


Não é a sua obra mais célebre, mas vale a pena ser vista. Por Paulo Autran, por Gael Garcia e pela história e direção de Hector Babenco. O Passado é um filme forte que nos faz refletir o passado para que o presente não seja tão pesado.
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