domingo, 21 de outubro de 2012

Afinal, o que é indie?


Estamos começando mais uma coluna semanal aqui no LixeiraDourada. Beyond Hollywood será um espaço dedicado às numerosas produções cinematográficas que são realizadas de forma independente mundo afora. Por uma questão comparativa, o foco principal ficará sobre o filme indie americano, já que apenas nos EUA há, de fato, uma estrutura industrial de produção (mas isso não significa que outros países possam vir a ser mencionados, eventualmente). E para dar as boas vindas aos nossos leitores nesse novo espaço vamos tentar esclarecer uma questão bem importante: o que um filme precisa ter (ou não pode ter) para ser considerado independente?

O que é indie?

É comum a confusão entre "filmes independentes" e "filmes de baixo orçamento", mas em um mundo onde um longa-metragem chega a custar 300 milhões de dólares é difícil saber o limite de gastos para ser incluído nesta categoria. De qualquer forma, os dois termos não são sinônimos e, apesar de ser indie ter virado moda, não é nenhuma novidade. Desde os primórdios do cinema como atividade comercial, as grandes empresas controladoras da produção industrial vêm regulando os formatos e padrões de seus produtos para maximizar seus lucros. Esse tipo de estrutura, por princípio, não se permite grandes liberdades criativas, já que inovações não testadas poderiam afastar o público. É por isso que o cinema independente sempre foi o verdadeiro responsável pela exploração da linguagem, sempre se reinventando e vendo seus acertos sendo lentamente absorvidos pela indústria.


Tá bem, mas o que é indie então?

OK, falei, falei e não disse (quase) nada. Vamos buscar uma definição então. Várias fontes tentam explicar, cada uma à sua maneira, o que é um filme independente e todas concordam em um aspecto: para ser uma produção independente, o resultado deve ser um longa-metragem produzido e distribuído de forma profissional, porém majoritária ou completamente fora da estrutura de uma major.

E o que é uma major?

Major é como são conhecidos os grandes estúdios cinematográficos que controlam a produção audiovisual industrial nos EUA (e muitas vezes também em outros países). Na "Era de Ouro do Cinema" (mais ou menos entre as décadas de 1930 e 1940) eram oito os grandes estúdios. Hoje, no entanto, seis grandes conglomerados de mídia são regularmente chamados de majors: a Viacom (que controla, entre outras, a Paramount Pictures), a Time Warner (Warner Bros., HBO), Sony (e Columbia Pictures), Walt Disney (Disney, Pixar, Marvel), Comcast (Universal Pictures) e News Corp (20th Century Fox). Além delas há também algumas produtoras/estúdios não tão grandes mas importantes o suficiente para serem chamados de "mini-majors", como a DreamWorks e a MGM, entre outras.


Então pra ser indie não pode ter ligação com major?

Não exatamente. Muitas dessas companhias têm subsidiárias criadas exclusivamente para lidar com produções independentes (como a Paramount Vantage, a Focus Features e a Fox Searchlight) e é bastante comum um filme indie ser comprado por uma grande distribuidora depois de ganhar algum destaque especial, geralmente quando é premiada.

Não entendi… tanto faz ser caro ou ter um grande estúdio no meio?

É realmente um pouco difícil definir o que é um filme indie em poucas palavras e como esse texto já tá ficando grande demais, vamos ficando por aqui. Conforme vocês forem acompanhando esta coluna (sim, eu espero que vocês acompanhem!), deve ficar mais claro o motivo dos filmes abordados terem sido escolhidos. Então até semana que vem com Pequena Miss Sunshine, o simpático filme que reabriu as postas dos cinemas para as produções independentes quando concorreu a quatro Oscars, incluindo o de Melhor Filme, em 2007, incluindo uma super entrevista exclusiva com os diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris que contaram pro LixeiraDourada como é ser indie hoje em dia.
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