É sempre complicado para o brasileiro acompanhar um filme japonês. São dois, os motivos principais: os amigos de olhos puxados não são nenhuma potência no cinema e, além disso, sua cultura é diferente, seja nas expressões faciais, ou nos ideários de engraçado, medonho, sério... Um pouco familiar do povo nipônico, sinto-me tranquilo para afirmar que esses pontos foram levados em conta na minha análise e, mesmo assim, fato é que O Clube do Vamos-Fazer-A-Professora-Abortar! ("Sensei Wo Ryûzan Saseru-kai", 2011, Japão) é bastante fraco, para qualquer cultura.
Catalogado como um terror dramático, o breve (62 minutos) trabalho do diretor e roteirista Eisuke Naitô conta a história de uma gangue de cinco garotas adolescentes que, ao descobrirem a gravidez de sua professora, passam a tramar planos perversos para que o feto seja abortado. O motivo? Elas acreditam que sua sensei é impura por ter, notoriamente, praticado sexo. É óbvio que a história é repleta de uma cultura distante da nossa, com alguma ingenuidade e realidade que não atentamos à priori.
Com atuações muito fracas (salvo pela professora), uma trilha desordenada e apática, além de inúmeros erros de continuidade e verossimilhança, o longa não engrena. Cada um dos efeitos (básicos, nada de computação gráfica) é risível. Chegamos a ficar na dúvida de se o engraçado era para ser triste. As marcações de posicionamento são bastante teatrais (algo recorrente nos filmes nipônicos). O terror tenta ser psicológico. Para isso, o diretor trabalha bastante com sombras e olhares, mas a técnica também não convence.
O filme fecha com uma frase de impacto, daquelas que é para deixar o espectador pensando por horas. Pelo menos parece que era para ser isso. Gosto de cultivar minha impressão de que há uma mensagem maior sob o longa, muito oculta e profunda, uma subjetividade, uma entrelinha... Mas ela estaria soterrada por inúmeras falhas de roteiro, direção e atuação.
